A advogada Gabriela Cyrineu compareceu nesta quinta-feira (7) ao julgamento dos cinco militares acusados de participar um esquema de escutas telefônicas ilegais na Polícia Militar, entre os anos de 2014 e 2015, representando a deputada estadual Janaina Riva (MDB), uma das vítimas dos grampos.
Janaina Riva é assistente de acusação no processo que tramita na 11ª Vara Criminal Especializada Justiça Militar, em Cuiabá, ao qual os coronéis Zaqueu Barbosa, Evandro Lesco e Ronelson Barros, do tenente-coronel Januário Batista e do cabo Gerson Corrêa Júnior, respondem por ação militar ilícita, falsificação de documento, falsidade ideológica e prevaricação.
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Janaína Riva foi uma das centenas de pessoas grampeadas em esquema — Foto: JLSIQUEIRA / ALMT
A advogada disse que entende que os réus devem ser absolvidos dos crimes militares e que devem responder pelas interceptações ilegais.
"Absolver não significa que se queira apagar o que aconteceu. Mas nós que representamos a deputada e a sociedade. Também esperamos e confiamos que a Justiça será feita e que esses acusados serão condenados no grau de culpabilidade que tiverem", declarou.
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Cinco militares são julgados — Foto: Ianara Garcia/ TVCA
Julgamento
O julgamento dos militares começou nessa quarta-feira (6), com a acusação do Ministério Público Estadual, explanada pelo promotor de Justiça Alan do Ó. Ele pediu a absolvição do coronel Ronelson Barros e do tenente coronel Januário por falta de provas.
Nesta quinta-feira foram ouvidas as defesas dos cinco réus. Eles pediram a absolvição deles, alegando que eles são inocentes.
O advogado do coronel Barros afirmou ainda que ele deveria ter sido testemunha e não réu na ação penal que causou constrangimento desnecessário, segundo o advogado Saulo Gayva.
Durante a manhã desta quinta-feira, os advogados do coronel Zaqueu Barbosa, ex-comandante-geral da PM, fizeram a argumentação. O coronel se emocionou em alguns momento. Os ânimos se exaltaram entre defesa e Ministério Público.
A defesa do coronel Evandro Lesco afirmou que ele apontou os verdadeiros culpados pelo esquema, confessou envolvimento nas escutas, mas os crimes militares que está sendo acusado não cometeu.
A defesa do cabo Gerson, que entre os acusados foi o que ficou mais tempo preso, passou por três interrogatórios e confessou realizar as escutas telefônicas ilegais. Alegou que a pesar da conduta, Gerson não cometeu crime e também deve ser absolvido.
"É desnecessário citar o número de pessoas que estiveram entre os grampeados, inclusive escritórios de advogacia, pessoas que tiveram suas intimidades pessoais e profissionais devastadas", disse.
O promotor citou que é crime militar sim, com a nova lei. "Um perdão judicial descabido poderá ensejar em impunidade para um dos casos mais nefastos da história da Polícia Militar", afirmou, ao lembrar que o cabo colocou o número da mulher dele duas vezes nos pedidos judiciais para a quebra de sigilo.