A Polícia Civil investiga a informação de que o detento Paulo César dos Santos, encontrado morto dentro de sua cela na Penitenciária Central de Cuiabá, teria sofrido agressões de outros presos antes de morrer.
Conhecido como "Petróleo", Paulo César foi encontrado enforcado com um lençol dentro de sua cela, na manhã deste domingo (27). No entanto, há suspeitas de que ele foi espancado antes de morrer, já que o corpo apresentava lesões e evidências de luta.
Em entrevista ao MidiaNews, a delegada Eliane de Moraes não confirmou se o detento era informante da Polícia, hipótese levantada como possível motivo da morte do presidiário.
A delegada afirmou que a Polícia Civil seguirá investigando o caso e, nos próximos dias, vai interrogar todos os presos que dividiam cela com "Petróleo" a fim de esclarecer todas as hipóteses levantadas sobre a morte.
Paulo César dos Santos estava detido na cela 21 do raio 5 da unidade. Conforme informações da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), por volta das 5 da manhã do domingo os presos que dividiam o local com Paulo César começaram a bater nas grades para chamar os agentes.
Ainda conforme a Sesp, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e constatou o óbito. O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML).
Réu na Assepsia
Em agosto deste ano, Paulo César se tornou réu no processo relativo à Operação Assepsia, que desbaratou um esquema que facilitava a entrada de aparelhos celulares na penitenciária.
Também se tornaram réus o ex-diretor da Penitenciária Central, Revétrio Francisco da Costa; o ex-vice-diretor, Reginaldo Alves dos Santos, os militares Cleber de Souza Ferreira, Ricardo de Souza Carvalhaes de Oliveira e Denizel Moreira dos Santos Júnior e o detento Luciano Mariano da Silva, conhecido como “Marreta”.
Conforme consta na denúncia, no dia 6 de junho, por volta das 13h, misteriosamente os portões da PCE se abriram e uma camionete Ford Ranger preta ingressou na unidade levando sobre a carroceria um freezer branco “recheado” de celulares.
Os ocupantes dos veículos não foram identificados por determinação dos diretores. O equipamento que deveria ser colocado na sala do diretor acabou sendo disponibilizado em um corredor.
No mesmo dia, os três policiais militares denunciados também estiveram na penitenciária à paisana com um veículo Gol, estando um deles com duas sacolas cheias de objetos não identificados nas mãos.
“Os três policiais entraram na sala de Revetrio, e em seguida Revetrio ordenou que trouxessem para aquela sala o preso Paulo Cesar e ficaram ali, em reunião bastante informal, por mais de uma hora com o aludido preso. Estavam tratando do que? O freezer recheado de celulares era destinado a Paulo Cesar”, diz a denúncia.
Em depoimentos prestados à polícia, um dos líderes do Comando Vermelho afirmou que durante a reunião eles falaram o tempo todo sobre a entrada do freezer com os aparelhos celulares.
Na ocasião, Reginaldo teria alertado para que retirasse todos os aparelhos durante a noite, e utilizasse a cola, que estava junto com os celulares, para fechá-lo novamente.
Também foi relatado que no interior da sala havia sido combinado o pagamento de parte dos lucros obtidos com a comercialização dos celulares dentro do presídio (promessa de recompensa).
O esquema, conforme o Gaeco, foi descoberto após a troca do pessoal da guarda. Sem saber que o freezer seria levado diretamente para a sala do diretor, a agente ordenou que passasse pelo scanner, quando foram encontrados 86 aparelhos celulares, carregadores, baterias, fones de ouvido, todos escondidos sob o forro da porta do freezer, envoltos em papel alumínio para fins de neutralizar a visão do scanner.
De acordo com a denúncia, no momento do desmonte do freezer, os policiais do GCCO promoveram a apreensão de todos os equipamentos encontrados e das imagens de câmeras internas. Também foi realizada a oitiva de todos os envolvidos. Com as diligências policiais, descobriu-se que a camionete que trouxe o freezer pertencia a Luciano Mariano da Silva, o Marreta, e estava sendo utilizado por amigos de facção.