07 de Junho de 2025

ENVIE SUA DENÚNCIA PARA REDAÇÃO

GERAL Sábado, 07 de Junho de 2025, 08:00 - A | A

Sábado, 07 de Junho de 2025, 08h:00 - A | A

SUBSTITUTO AFETIVO?

Uso de bebês reborn cresce no Brasil e acende alerta entre especialistas

A procura por bonecos hiper-realistas cresce no Brasil e revela questões emocionais profundas ligadas à solidão, luto e necessidade de afeto em diferentes fases da vida.

Maria Cardoso | Redação

A senadora Margareth Gettert Busetti (PSD) se manifestou sobre a retomada da proposta de regulamentação das redes sociais no Congresso, destacando a necessidade de debater o tema, principalmente por conta da exposição de crianças a conteúdos nocivos. No entanto, alertou para o risco de afetar a liberdade de expressão. “É um tema muito desafiador. Precisamos discutir uma regulamentação, mas, sinceramente, não sei como fazer isso sem atingir a liberdade de expressão”, afirmou.

Nos últimos anos, o Brasil tem registrado um crescimento expressivo na procura por bebês reborn — bonecas hiper-realistas que imitam bebês de verdade, com detalhes de peso, pele, cabelo e expressão. O que era antes um nicho de colecionadores, hoje atrai adultos, principalmente mulheres entre 30 e 70 anos, muitas em situação de vulnerabilidade emocional.

Inicialmente vistos como peças de arte, os reborns passaram a ser usados também como forma de companhia emocional. Pessoas relatam que os bonecos ajudam a lidar com solidão, luto, ansiedade e depressão, servindo até como substituto simbólico de filhos que faleceram ou nunca nasceram.

A psicóloga Adriana Paulino, especialista em Neuropsicologia, alerta para os riscos de substituir vínculos reais por laços com um objeto. “Isso é passageiro, vai passar. Chamamos de ‘susto coletivo’. Está substituindo vínculos afetivos que poderiam ser reconstruídos com ajuda psicológica, psiquiátrica ou com apoio da família e amigos.”

Segundo Adriana, o fenômeno tem crescido de forma preocupante. “As pessoas deixam de se relacionar com o real. É uma fuga emocional. O subconsciente escolhe o reborn porque ele não exige nada, mas aparenta ser um bebê real. Ocupa um lugar que deveria ser preenchido por vínculos humanos.”

Ela reforça que o reborn, por mais bem-feito que seja, é apenas um objeto. “Não retribui afeto, não constrói laços. No fundo, é plástico.”

A psicóloga também criticou a exposição do tema por celebridades nas redes sociais. “A situação se agrava quando figuras públicas dizem que adotaram reborns. É preocupante. Em alguns casos, exige intervenção psicológica, psiquiátrica e apoio familiar. A pessoa foge da realidade e pode se perder emocionalmente.”

O mercado de reborns está em expansão. Os preços variam de R$ 500 a mais de R$ 10 mil, dependendo da personalização. Vídeos com “rotinas maternas” usando os bonecos viralizam em redes sociais. Algumas pessoas compram carrinhos, enxovais e até fazem “chás de bebê” para os bonecos.

Apesar da popularidade, o uso dos reborns ainda é visto com preconceito. Muitos consideram infantil ou bizarro. Especialistas, no entanto, pedem mais empatia e menos julgamento. O comportamento pode revelar traumas, luto ou necessidades emocionais profundas.

O fenômeno também reflete questões atuais, como solidão, envelhecimento da população e a busca por afeto em um mundo cada vez mais digital e isolado. “Seja como arte, terapia ou consolo, os bebês reborn mostram uma necessidade humana básica: amar, cuidar e ser cuidado”, conclui Adriana.


Comente esta notícia

AVISO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Jornal Centro-Oeste Popular (copopular.com.br). É vedada a inserção de comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros. O site Jornal Centro-Oeste Popular (copopular.com.br) poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios impostos neste aviso ou que estejam fora do tema da matéria comentada.


image