A senadora Margareth Gettert Busetti (PSD) se manifestou sobre a retomada da proposta de regulamentação das redes sociais no Congresso, destacando a necessidade de debater o tema, principalmente por conta da exposição de crianças a conteúdos nocivos. No entanto, alertou para o risco de afetar a liberdade de expressão. “É um tema muito desafiador. Precisamos discutir uma regulamentação, mas, sinceramente, não sei como fazer isso sem atingir a liberdade de expressão”, afirmou.
Nos últimos anos, o Brasil tem registrado um crescimento expressivo na procura por bebês reborn — bonecas hiper-realistas que imitam bebês de verdade, com detalhes de peso, pele, cabelo e expressão. O que era antes um nicho de colecionadores, hoje atrai adultos, principalmente mulheres entre 30 e 70 anos, muitas em situação de vulnerabilidade emocional.
Inicialmente vistos como peças de arte, os reborns passaram a ser usados também como forma de companhia emocional. Pessoas relatam que os bonecos ajudam a lidar com solidão, luto, ansiedade e depressão, servindo até como substituto simbólico de filhos que faleceram ou nunca nasceram.
A psicóloga Adriana Paulino, especialista em Neuropsicologia, alerta para os riscos de substituir vínculos reais por laços com um objeto. “Isso é passageiro, vai passar. Chamamos de ‘susto coletivo’. Está substituindo vínculos afetivos que poderiam ser reconstruídos com ajuda psicológica, psiquiátrica ou com apoio da família e amigos.”
Segundo Adriana, o fenômeno tem crescido de forma preocupante. “As pessoas deixam de se relacionar com o real. É uma fuga emocional. O subconsciente escolhe o reborn porque ele não exige nada, mas aparenta ser um bebê real. Ocupa um lugar que deveria ser preenchido por vínculos humanos.”
Ela reforça que o reborn, por mais bem-feito que seja, é apenas um objeto. “Não retribui afeto, não constrói laços. No fundo, é plástico.”
A psicóloga também criticou a exposição do tema por celebridades nas redes sociais. “A situação se agrava quando figuras públicas dizem que adotaram reborns. É preocupante. Em alguns casos, exige intervenção psicológica, psiquiátrica e apoio familiar. A pessoa foge da realidade e pode se perder emocionalmente.”
O mercado de reborns está em expansão. Os preços variam de R$ 500 a mais de R$ 10 mil, dependendo da personalização. Vídeos com “rotinas maternas” usando os bonecos viralizam em redes sociais. Algumas pessoas compram carrinhos, enxovais e até fazem “chás de bebê” para os bonecos.
Apesar da popularidade, o uso dos reborns ainda é visto com preconceito. Muitos consideram infantil ou bizarro. Especialistas, no entanto, pedem mais empatia e menos julgamento. O comportamento pode revelar traumas, luto ou necessidades emocionais profundas.
O fenômeno também reflete questões atuais, como solidão, envelhecimento da população e a busca por afeto em um mundo cada vez mais digital e isolado. “Seja como arte, terapia ou consolo, os bebês reborn mostram uma necessidade humana básica: amar, cuidar e ser cuidado”, conclui Adriana.