Janaína Arruda
Especial para o CO Popular
De onde tirar forças e vencer a luta contra o câncer? A empresária Josélia Rodrigues Ribeiro, 33 anos, descobriu o câncer de mama durante autoexame quando estava tomando banho. Perseverança, amor da família e vontade de viver foram os remédios essenciais no tratamento. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) divulgou que o câncer de mama é o tipo que mais acomete as mulheres brasileiras, com a expectativa de 59.700 novos casos a cada ano até 2019, ou seja, uma média de mil novos casos por ano. Ainda segundo o estudo, em cada 10 casos, três estão relacionados ao estilo de vida que as pessoas levam.
Hábitos como tabagismo, consumo de álcool, sedentarismo, obesidade e, num país tropical como o Brasil, a exposição excessiva ao sol aumentam as chances de incidência da doença. Antes de ser diagnosticada com câncer de mama, a proprietária de uma padaria teve grave quadro de depressão e tentativa de três suicídios. Ela contou sua luta e desafios à equipe do Jornal Centro-Oeste Popular. Há um ano e meio, Josélia Ribeiro foi diagnosticada com carcinoma e uma das formas de tratamento seria a mastectomia(retirada total da mama). Mas o que era para ser motivo de tristeza e desespero se transformou em dias de esperança, lutas pelo tratamento e vontade de viver. “Eu não sabia era a garra e perseverança que existem dentro de mim.
A depressão foi difícil, não tinha vontade de viver, de levantar da cama, queria morrer. Sentia-me triste, porque as pessoas mais próximas achavam que a depressão é uma coisa banal, frescura. A atenção, amor, cuidado e zelo do meu esposo para comigo me salvou. Ele me levou para uma consulta com psicóloga e a partir daí comecei a me tratar”, De acordo com Josélia, a depressão foi provocada devido a problemas familiares com sua irmã, e isso ocasionou um sentimento de mágoa, raiva e rancor. “Sentia-me fraca, com mal estar. Minha mãe teve câncer e após o autoexame senti um nódulo pequeno e procurei ajuda médica.
O exame não diagnosticou o câncer, mas eu pressentia algo e procurei outro profissional que solicitou novos exames, que confirmaram o câncer e minhas suspeitas”. A confirmação do câncer de mama não é fácil para ninguém, o choro é inevitável. A força para lutar veio após sua médica dizer que ela não iria tratar Josélia caso ela chorasse, pois não fazia tratamento de mulheres fracas. “Trato de mulheres guerreiras! Foi naquele momento que pensei como era fraca. Fui para casa e resolvi tomar outra postura. Meu esposo, minha mãe e minha sogra foram buscar o resultado da biópsia, e ao me mostrarem disse para eles que parassem com o choro. Sou uma guerreira, não vou entrar nessa guerra para perder.
Não me sinto doente, portadora de câncer e não me identifico com isso”. Considerado o segundo tipo de tumor mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres, a detecção e o tratamento precoce da doença são essenciais para uma boa evolução do quadro clínico, onde a chance de cura pode chegar a 90%. Para o tratamento de câncer de mama, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece todos os tipos de cirurgia, como mastectomias, cirurgias conservadoras e reconstrução mamária, além de radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia e tratamento com anticorpos. Com essa meta definida, hoje a empresária conta que durante seu tratamento conheceu pessoas com problemas mais graves que o seu e isso deu forças para enfrentar a batalha contra o câncer.
Em sua concepção, a doença curou a depressão, pois a enfermidade veio para suprir aqueles momentos de fraqueza que ela sentia. “Deus fez tudo de uma forma surpreendente. Além da perseverança e coragem, ganhei apoio de muitas pessoas que me amam torcem por dias melhores. Quando você tem depressão, ninguém te ama, você é tratada como vítima, como coitada. Com o câncer percebermos que essas atitudes ajudam na melhoria do tratamento, na busca por dias melhores”, frisa.
O tratamento teve início com quimioterapia neoadjuvante e devido ao diagnóstico foi de carcinoma incito não invasivo. Em dúvida, segundo a empresárian o médico solicitou um novo pedido de biópsia. “Naquele momento, foi uma mistura de choque e de confiança, o doutor Farina olha nos olhos, fala com segurança, é humano! Tive medo da quimioterapia, não de tirar a minha mama, mas pelas coisas que iria enfrentar ao longo do tempo”. Durante a quimioterapia, a perda do cabelo é natural. Forte e determinada a amenizar a perca dos cabelos compridos, a empreendedora cortou o seu cabelo um pouco mais curto. Ela conta que em um determinado dia ao passar a mão pela cabeça notou uma quantia grande de cabelo, mas não desanimou ou ficou triste, pelo contrário. Sua determinação e garra foram fundamentais depois que começou a assistir palestras sobre espiritualidade que ajudaram a superar as fases ruins.
“Com apoio da minha família, do meu esposo e de amigos procuro viver cada momento. Superar cada obstáculo, cada desafio, mesmo depois da cirurgia para retirada da mama. Gosto de viver, de lutar. Meu objetivo é ajudar o máximo as pessoas a vencer os desafios. Estou em grupo no whatsapp de mulheres que estão em tratamento. No aplicativo, trocamos informações, uma ajuda a outra”. No último dia 7 deste mês a cirurgia para retirada da mama completou três meses e nada atrapalhou o caminhar da empresária.
“A vida continua, você tem que simplesmente obedecer ao seu corpo. Se ele está cansado deita, se não, vamos à luta! A vida continua! Porque se você começa a deitar, você não levanta mais! E vem os pensamentos de entrega. Temos que ficar ativos o tempo todo. Nos próximos dias começo as sessões de radioterapia. Serão 25 sessões, sendo uma por dia”, finaliza.