Com a exposição do caso, segundo Abílio, o número de vítimas pode aumentar. Recentemente foi noticiado o relado de uma esposa de um líder comunitário que teria sido forçada a sentar ao lado do vereador em um parque da capital, mas cena teria sido presenciada pelo marido da vítima, que teria abordado o parlamentar.
“O que eu tenho recebido de mensagens de mulheres dizendo que sabiam de situações como essa... Tem mulher, por exemplo, que me não conta porque teme a reação do seu marido. Tem mulher que é casada e passa por um constrangimento como esse e tem medo da reação que o marido vai ter em reação a ela. Tem medo de o marido não suportar esse negócio e querer partir para a violência contra o vereador”, relatou Abílio, em entrevista concedida na manhã desta terça-feira (5). O parlamentar afirma que está separando os casos que possuem mais provas e fundamentos para denunciar Adevair.
Abílio, que enfrenta processo de cassação na Câmara, negou que tenha “guardado” o caso e só tenha o trazido a público nesse momento como estratégia política. “Eu passei a fazer essa denúncia a partir que o Adevair foi e fez um boletim de ocorrência. Não fui eu que fui lá fazer o boletim de ocorrência. Eu não fiz a denúncia antes de o Adevair fazer boletim de ocorrência, foi ele. Eu acredito que a partir do momento que abriram um pedido de cassação comigo, o Adevair por culpa, medo, apreensão ou má orientação, fez com que ele fosse numa delegacia. Pode pesquisar, não há nenhum registro antes do boletim de ocorrência”.
De acordo com Abílio, se a ideia fosse evitar ser cassado, o melhor seria não denunciar o colega. “Agora os vereadores que são amigos do Adevair estão com mais raiva de mim, então se antes eu tinha alguma chance de fazer uma defesa, a chance agora é muito menor”, sustenta. “Muita gente aqui dentro da Câmara falou: ‘Abílio, fica na sua, você vai ser cassado. Se você não mexer com isso, dá a possibilidade. Se eu estivesse pensando em mim, era melhor eu não mexer”, completa.
A vítima
A autora da denúncia é ex-servidora do município de Cuiabá e atuava na área da saúde. Segundo Abílio, ela procurou também outros vereadores, mas o caso não andou. “Ela é uma mulher, mãe solteira, é uma situação muito difícil para ela, dependia muito do emprego, tinha muito medo por exemplo do poder que o Adevair poderia ter de qualquer ameaça que ela poderia sentir e também a situação acabou constrangendo ela, passou por depressão, teve dificuldade econômica muito grande assim que ela foi demitida a partir de uma série de ocorrências que acabou acontecendo contra ela”.
Diante da pressão do caso e sem conseguir arranjar emprego, a denunciante chegou a deixar Cuiabá. “Ela não conseguia mais conviver, não conseguia mais arrumar serviço nessa cidade e ela teve que sair”.
De acordo com a denúncia, Adevair teria se masturbado na frente da vítima em uma reunião que teria o objetivo de tratar do cargo dela. Assédio e a importunação teriam acontecido também por whatsapp, ferramenta usada pelo parlamentar para encaminhar foto íntima para ela. Após o vazamento das informações, ela teria passado a sofrer ameaça de pessoas que atenderiam a interesses do vereador.
Outro lado
Presente na sessão desta terça-feira (5), Adevair Cabral optou por não conceder entrevista até o momento.