O juiz Jorge Tadeu Rodrigues, da 7ª Vara Criminal, retirou o sigilo de inquéritos policiais que apuram um esquema de escutas ilegais em Mato Grosso. A decisão, de acordo com magistrado, atende aos “anseios da sociedade”.
“Público e notório que a sociedade mato-grossense clama pela entrega da prestação jurisdicional, com o deslinde dos fatos (interceptação telefônica ilegal) que deram origem a chamada “Grampolândia”, cita em trecho da decisão.
O magistrado ainda cita que a medida “deixará às claras as atuações das várias instituições responsáveis pela apuração”.
Ele também determinou ao diretor da Polícia Civil para que reforce a equipe especial designada para apurar os eventuais delitos perpetrados para que o caso seja concluído rapidamente. No último dia 11 de setembro, a delegada da Ana Cristina Feldner passou a coordenar o grupo que conduz os inquéritos policiais sobre o escândalo. Ela substituiu o delegado Rafael Scatalon. A delegada Jannira Laranjeira Siqueira Moura também integra a equipe responsável pelas investigações.
Ainda segundo o magistrado, havendo interceptações telefônicas e gravações de
conteúdo pessoal (particular), deverá ser mantido o sigilo das mídias "de modo que deverão ser desentranhadas dos respectivos autos, formando um incidente a parte".
"Com relação a este respectivo incidente, autorizo o acesso somente as autoridades policiais, ao Ministério Público e advogado da parte (com procuração), em relação tão somente as mídias relativas a parte que representa".
O ex-governador Pedro Taques é apontado como sendo o principal interessado no esquema. Ao Olhar Direto, na última terça-feira (5), o ex-governador Pedro Taques (PSDB) rebateu as acusações feitas pelos ex-comandante da Polícia Militar coronel Zaqueu Barbosa e o ex-chefe da Casa Militar coronel Evandro Lesco perante a Polícia Civil. Ambos afirmaram que partiu do tucano a ordem para destruir as placas supostamente usadas para realizar os grampos ilegais em adversários políticos e desafetos. Segundo o ex-chefe do Executivo, a cada dia os coronéis contam uma "versão diferente".
O esquema:
Reportagem do programa "Fantástico", da Rede Globo, revelou na noite de 14 de maio de 2017 que a Polícia Militar em Mato Grosso “grampeou” de maneira irregular uma lista de pessoas que não eram investigadas por crime.
A matéria destacou como vítimas a deputada estadual Janaína Riva (PMDB), o advogado José do Patrocínio e o jornalista José Marcondes, conhecido como Muvuca. Eles são apenas alguns dos “monitorados”.
O esquema de “arapongagem” já havia vazado na imprensa local após o início da apuração de Fantástico.