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POLÍTICA Segunda-feira, 16 de Novembro de 2020, 11:44 - A | A

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ELEIÇÕES 2020

Escândalos colocam o nome de Abílio Júnior em xeque

Candidato tenta transparecer nova personalidade na reta final do primeiro turno, mas não consegue convencer eleitor

Redação

Candidato a prefeito de Cuiabá, o vereador Abílio Júnior (Podemos) acumula polêmicas, porém, na reta final do primeiro turno tentou aparentar outra personalidade, sendo comparado por alguns a um lobo em pele de cordeiro, ou mesmo com uma personalidade bipolar. Foi o que deixou transparecer no último debate eleitoral promovido pela TV Vila Real, quando aparentou ser uma outra pessoa, mostrando calma, sem rompantes comuns a sua personalidade.

Também vem chamando atenção o fato do candidato passar a utilizar o seu filho recém-nascido na campanha eleitoral. A todo momento cita o nome do bebê, parecendo querer sensibilizar o eleitorado, uma estratégia que para muitos beira à apelação, demonstrando que ele está mesmo ávido pelo poder.

A verdade é que a postura não passou desapercebida, dando a entender que o candidato tenta ludibriar o eleitor, afinal, durante toda a campanha partiu para o ataque, principalmente contra os servidores comissionados, a quem ameaçou de exoneração em massa e avisou para providenciarem currículos e reservarem lugar na fila do Sine.

Ele chegou a classificar esses servidores de incompetentes. “Nós vamos mandar embora 3 mil servidores que são contratados por indicações políticas e comissionados incompetentes”, garantiu juntamente com seu vice, Felipe Wellaton (Cidadania). 

Ele ainda deu a entender que os fiscais de tributos receberiam propina para realizarem seus serviços. Para as entidades, o candidato colocou em xeque a honestidade do funcionalismo em geral.

"Não foi mais um ataque isolado em suas falas estabanadas. É uma narrativa meticulosamente construída contra os serviços e servidores públicos de Mato Grosso”, diz trecho da nota assinada pelas entidades em repúdio à atitude do candidato.

E chama atenção o fato de que embora ataque os comissionados, o nobre candidato já tenha sido comissionado no Governo Pedro Taques, isso tendo acabado de deixar a faculdade. Ele foi nomeado  em 2016 por indicação de seu avô, como arquiteto do Estado, apesar de recém formado, com salário de R$ 5 mil. 

E não é apenas ele quem já teve cargos na esfera pública sem concurso público. A família do candidato já teve até mesmo funcionária fantasma, lotada no gabinete do ex-deputado Sebastião Rezende. A madrasta de Abílio, Damaris Rastelli, tinha cargo de assessora parlamentar, com salário de R$ 2.193 e foi flagrada trabalhando na rádio da Igreja Assembleia de Deus, pelo repórter Arthur Garcia, da TV Cidade Verde. 

Questionada, Damaris disse que trabalhava apenas na rádio e que era professora de espanhol nas Faculdades Evangélicas Integradas Cantares de Salomão (Feics). Ela negou ter cargo na ALMT. Desmascarada pelo repórter, o então deputado Sebastião Rezende, pastor na mesma igreja, confirmou Damaris como servidora (fantasma).

O irmão de Abílio, Anderson Brunini, também tem cargo de assessor adjunto da Superintendência do Planejamento Estratégico da Assembleia Legislativa, com salário de R$ 5.233. A irmã, Carolina Brunini, já foi servidora comissionada na Assembleia Legislativa, também no gabinete de Sebastião Rezende, com salário de R$ 2.193. 

Esse fato, inclusive, foi lembrado pelo candidato petista Julier Sebastião, quando afirmou que Abílio faz demagogia com o funcionalismo público e se esquece que familiares e até ele mesmo passaram a “vida toda” ocupando cargos comissionados no Legislativo, Executivo e até mesmo em igrejas.] “A economia de Cuiabá depende muito do funcionalismo público e nós não podemos tratar com bravata como fez o candidato da Câmara que fala que vai cortar cargos comissionados no facão quando ele próprio passou a vida toda ocupando cargos em comissão do tios ou por deputado x. Ou seja, não pode fazer demagogia”, disse em entrevista na semana passada à rádio Vila Real.

Vale lembrar ainda que o prefeito Emanuel Pinheiro lembrou durante a campanha que ganhou a inimizade de Abílio pois não nomeou aliados políticos do parlamentar que disputa a prefeitura.

Abílio foi eleito vereador em 2016 pelo PSC, que integrava a coligação vitoriosa de Emanuel. Ainda na Câmara, o parlamentar fez parte da base eleitoral em maio de 2017. Na época, anunciou que adotava posicionamento de independência em relação a gestão municipal e entregou cargos que tinha no Palácio Alencastro.

“O vereador Abílio rompeu comigo, pois não estava nomeando seus apadrinhados políticos. Ele gravou na época, já que gosta de aparecer. Isso será mostrado. Eu demorei para nomear, pois adotei critérios técnicos”, afirmou Emanuel.

USO DA VERBA INDENIZATÓRIA

Embora faça força em transparecer uma postura ética e honesta, na prática Abílio não se importa quando leva vantagens pessoais. Um dos exemplos é a crítica que fez ao pagamento de verba indenizatória para vereadores durante a quarentena provocada pela covid-19, porém, meses depois, recebeu ele mesmo os valores indenizatórios pagos pela Câmara, apesar da pandemia ainda persistir na capital mato-grossense.

No dia 24 de março de 2020, Abílio publicou em uma de suas páginas de rede social críticas contra vereadores da Câmara de Cuiabá por receberem verba indenizatória durante o período da pandemia de covid-19, que persiste até hoje. Na ocasião, Abílio havia sido recém cassado pelos colegas sob acusação de quebra de decoro parlamentar e perdido o cargo de vereador e todas as benesses, como o salário de R$ 13 mil e a verba indenizatória de R$ 18 mil.

Quando a cassação do vereador foi anulada por decisão judicial, no dia 11 de maio, Abílio voltou ao cargo e reassumiu suas funções. Na decisão, o juiz Carlos Roberto Barros de Campos, da 4ª Vara Especializada da Fazenda Pública de Cuiabá, entendeu que a Câmara violou o princípio de ampla defesa do vereador.

Logo depois de assumir a Câmara, Abílio voltou a receber a verba. Ao voltar, Abílio embolsou R$ 74 mil de VI entre os meses de junho, julho, agosto e setembro, de acordo com os últimos dados disponíveis no Portal da Transparência da Câmara de Cuiabá. Em junho o valor da VI foi de R$ 18.093,00 e nos demais meses o valor foi de R$ 18.900,00. Desde que iniciou seu mandato na Câmara, Abílio já recebeu R$ 710.999,99 em VI, conforme dados da Transparência da Câmara.

Aliás, ele mesmo confirmou que solicitou o recebimento das verbas indenizatórias da Câmara de Vereadores mesmo no período eleitoral.

O fato da VI foi lembrado no último debate na TV Vila Real, quando Julier  acusou Abílio de estar usando a estrutura de seu gabinete na Câmara de Cuiabá para fazer campanha. Logo no início do programa, o petista, durante pergunta direcionada a outro candidato, questionou o que o vereador e seu vice, Felipe Wellaton (Cidadania) – também vereador – estavam fazendo com a verba indenizatória que recebem no Legislativo, durante o período de campanha. Hoje, os parlamentares recebem R$ 18 mil de VI e salário é de R$ 15 mil.

No debate, a candidata Gisela Simona ainda perguntou se o candidato “é mais louco pelo poder, que fala uma coisa e faz outra”, ao questionar os gastos do parlamentar cuiabano com servidores comissionados.

A candidata disse que Abílio Júnior gastou R$ 2 milhões em seu gabinete com servidores comissionados e que torrou mais R$ 1 milhão de verba indenizatória da Câmara de Vereadores. Segundo a candidata, Abilio é igual aos demais políticos que falam uma coisa e faz outra, pois ele não está preocupado com o bom uso do dinheiro público.


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