Haroldo Assunção
Especial para o Centro-Oeste Popular
Antes mesmo de assumir as funções de governador de Mato Grosso, o hoje delator premiado Silval da Cunha Barbosa gozava da fama de garimpeiro, adquirida em meio a balas de revolver e malária, em plena floresta amazônica, no entorno do célebre “Castelo dos Sonhos”, reinado de Márcio Martins, o “Rambo”, de triste memória.Dizem até que parte de sua fortuna antes da política – principalmente o conglomerado de empresas de comunicação no Nortão mato-grossense, onde hoje bate ponto para usufruir o regime semi-aberto concedido pela justiça no acordo de colaboração – vem de um nebuloso espólio do “de cujus”.Mais isso é história. Certo é que, depois de tomar assento no Palácio Paiaguás, com as burras forradas por conta dos desvios bilionários das obras da “Copa do Mundo Fifa 2014”, Silval Barbosa saiu com apetite de garimpeiro que vai atrás da “fofoca” – na gíria do meio, o falatório sobre a descoberta de nova jazida mineral, que atrai centenas, milhares, do dia para a noite
.E foi mesmo do dia para a noite, que Silval e seus sócios – entre eles Wanderley Fachetti Torres, proprietário da Trimec, empreiteira que faturou alto em obras públicas sob as bênçãos de Barbosa – tornaram-se donos de milhares de hectares nos municípios de Poconé e Nossa Senhora do Livramento, interessados no subsolo onde descansam milhares de toneladas de ouro.
AJURICABA
Uma dessas fazendas pantaneiras transformadas de súbito em imensos garimpos a céu aberto, a “Ajuricaba” pertencia a um grupo empresarial sediado no vizinho estado de Goiás e teria sido adquirido pelo grupo de Silval Barbosa por aproximadamente R$ 40 milhões.Mas a negociação não foi republicana e teria envolvido somas astronômicas de recursos públicos, por meio de contratos da Empresa Sul Americana de Montagens S/A, a EMSA, com a Secretaria de Estado de Infra-estrutura e Logística de Mato Grosso (Sinfra MT).Ambos os contratos, com valor superior a R$ 100 milhões, tinham por objeto construção de pontes e outras obras de logística e incluiriam a metade do pagamento de Silval pela Fazenda Ajuricaba, além de outros vinte milhões de reais que seriam devolvidos ao então governador.Só que agora, a outra parte da sociedade que teria sido enganada por Silval Barbosa teria influência para interromper os contratos da EMSA com o governo mato-grossense. Um desses contratos, aliás, teria sido rescindido unilateralmente dias atrás.