Um borracheiro aposentado da pequena cidade de Baixa Grande do Ribeiro, no Estado do Piauí, pode ter sido usado para um esquema de grilagem de terras envolvendo a gigante do agro, AFG Brasil, e os herdeiros da empresa.
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A empresa passa por um processo de Recuperação Judicial de R$ 648 milhões, e no início deste ano, conseguiu um financiamento de até R$ 1,4 bilhão para os próximos 4 anos.
O caso que se iniciou há mais de uma década, pode desvendar também o envolvimento do Judiciário piauiense no caso, através de decisões referentes à disputa de 11 mil hectares.
O pivô dessa história é o borracheiro Manoel Batista Ferreira, que em janeiro deste ano, descobriu que está sendo usado por terceiros para a disputa de terra na Fazenda Ema Flor.
Manoel prestou depoimento na Polícia Civil do Piauí negando que teria reivindicado qualquer pedaço de terra e que a sua única propriedade seria a que reside até hoje.
O borracheiro relatou aos policiais que em 2010, foi procurado por algumas pessoas que lhe disseram que o mesmo teria direito a um pedaço de terra próximo de onde residia.
Tais pessoas alegavam que todos os moradores da região teriam direito. Como o falso propósito de ajudar, Manoel, que tem dificuldades em ler e pouco sabe escrever, foi convencido de assinar um documento, que só agora ele sabe que era na verdade um Compromisso de Compra e Venda de Imóvel Rural e Direitos Possessórios.
No documento, diz que Manoel teria vendido tal terra por R$ 200 mil aos que assinam o contrato. Porém, ele nunca recebeu tal valor.
"Que ficou sabendo agora os termos desse documento; que nunca recebeu qualquer valor das pessoas que assinam o contrato como compradores; que nunca na vida recebeu R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) como falado no contrato; que é uma pessoa humilde e de pouca leitura; que nunca teve a intenção de causar qualquer problema para as pessoas que plantam na região", diz trecho do depoimento que o Centro Oeste Popular teve acesso.
Diante da descoberta o borracheiro solicita que seu nome seja retirado do processo, que deu 'ganho de causa' para Manoel.
Na época do contrato, chegaram a construir uma casa dentro dos 11 mil hectares em disputa. Porém, Manoel afirma que nunca morou na casa, já que não teria posse da terra.
"Que nunca teve posse e não sabe dizer onde é e nem quais os limites desse imóvel de 11.000ha que o contrato cita; Que assinou o documento sem ter conhecimento do seu conteúdo; Que tomou ciência que alguns advogados estão usando o seu nome de maneira indevida; Que nunca teve dinheiro para pagar custas processuais; Que está se sentindo usado pelas pessoas; Que foi enganado e estão usando o seu nome; Que não gostaria de ter mais as pessoas do processo como advogados", diz outro trecho do boletim de ocorrência lavrado no dia 2 de março deste ano.
No documento que Manoel assinou sem conhecer o teor consta os nomes de Ana Carla Garcia de Almeida castro, André Newton de Figueiredo Castro, Edemar Freitas Camargo, Vanderlei Marcos Pulga Baioto e Izauro Casagrande.
Todos são moradores de Campo Novo do Parecis em Mato Grosso.
AFG Brasil
A AFG Brasil é uma empresa brasileira que trabalha nas áreas de distribuição de grãos como soja, milho e farelo, constituída por Aurimar Alves (já falecido).
Ela conseguiu aprovar uma Recuperação Judicial em 2020. A suspeita é de a AFG Brasil estaria por trás do processo, que se iniciou em 2010.
Isso porque os irmãos Guilherme Funari Lobaczewski Alves e Felipe Funari Lobaczewski Alves, filhos de Aurimar Alves (falecido), são os donos da empresa GUIFE Administração de Bens Próprios LTDA.
Tal empresa ingressou em março deste ano, com pedido para fazer parte do processo como cessionária, afirmando que Manoel teria passado todos os direitos do presente caso para a empresa.
Como prova teria anexado o documento de compra e venda que Manoel teria assinado sem saber em 2010.
Segundo informações obtidas com exclusividade pelo jornal centro oeste popular, existe um funcionário que estaria possivelmente fazendo um lobe junto a empresa com pessoas influentes, a reportagem está tentando falar no Tribunal de Justiça para ter conhecimento da denuncia, mas sem resposta até o momento.
Fontes do Jornal Centro Oeste Popular tiveram conhecimento que a qualquer momento pode haver uma representação no Conselho Nacional de Justiça, tento fortes indícios de reverter o caso.
Outro lado
A reportagem não conseguiu localizar todos os citados, além das empresas AFG Brasil e GUIFE Administração.