Duas testemunhas de defesa da tenente Isadora Ledur, acusada de usar meios abusivos durante um treinamento que teria provocado a morte do aluno Rodrigo Claro, foram ouvidas pelo juiz da Vara Criminal da Justiça Militar Marcos Faleiros, nesta segunda-feira (3).
A defesa de Isadora Ledur afirmou à reportagem que só vai se manifestar depois do depoimento da tenente.
A primeira testemunha ouvida nesta segunda-feira foi o médico legista Dionísio Andreoni, que assinou o laudo que atesta que um Acidente Vascular Cerebral (AVC) foi a causa da morte de Rodrigo.
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Dionísio Andreoni foi o primeiro a ser ouvido durante a audiência — Foto: TVCA/Reprodução
O médico disse que é provável que Rodrigo já tivesse má formação no cérebro, o que teria causado o AVC.
Em contrapartida, a mãe de Rodrigo, Jane Claro, afirmou que o filho era saudável e nenhum exame anterior detectou a má formação.
“Ele fazia academia, caminhada. Rodrigo sempre foi muito ativo e nunca reclamou de dor de cabeça”, disse.
O promotor de justiça que acompanha o caso, Alan de Souza, ressaltou que o aluno morreu em decorrência do treinamento comandado por Ledur.
“Ao ver do Ministério Público, por enquanto, continua a tese que consta na denúncia de que a pressão sofrida pelo aluno foi sim fundamental para o óbito dele”, afirmou.
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Capitão Janislei Teodoro também foi ouvido — Foto: TVCA/Reprodução
Também foi ouvido durante a audiência o capitão do Corpo de Bombeiros Janislei Teodoro Silva. Ele foi comandante de pelotão da turma anterior à de Rodrigo onde um aluno desistiu do curso alegando abuso nos treinamentos comandados pela tenente Ledur.
O capitão afirmou durante o depoimento que nunca presenciou práticas abusivas por parte da tenente.
A próxima audiência foi marcada para o dia 12 de março de 2020. Nessa audiência, serão ouvidas a ré Ledur e uma testemunha de defesa dela.
Em seguida, será aberto um prazo para que o Ministério Público e a defesa possam pedir diligências. A expectativa é de que o julgamento aconteça ainda no primeiro semestre do ano que vem.
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Rodrigo Claro morreu em 2016 — Foto: TVCA/Reprodução
A morte de Rodrigo
Rodrigo morreu no dia 15 de novembro de 2016, após passar mal em uma aula prática na Lagoa Trevisan, em Cuiabá, na qual a tenente Izadora Ledur atuava como instrutora.
De acordo com a denúncia do Ministério Público Estadual, Rodrigo demonstrou dificuldades para desenvolver atividades como flutuação, nado livre e outros exercícios.
“Os métodos abusivos praticados pela instrutora consistiram tanto de natureza física, por meio de caldos com afogamento, como de natureza mental utilizando ameaças de desligamento do curso”, como consta na denúncia.
Ainda segundo o órgão, depoimentos durante a investigação apontam que ele foi submetido a intenso sofrimento físico e mental com uso de violência. A atitude, segundo o MPE, teria sido a forma utilizada pela tenente para punir o aluno pelo mal desempenho.