14 de Outubro de 2024

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POLÍCIA Segunda-feira, 18 de Novembro de 2019, 16:01 - A | A

Segunda-feira, 18 de Novembro de 2019, 16h:01 - A | A

RELATÓRIO

Relatório da Polícia Federal aponta que Júnior Mendonça possa ser possível laranja

REDAÇÃO

Da Redação

Um relatório obtido com exclusividade pelo jornal Centro Oeste Popular aponta que investigações da Polícia Federal mostram que o empresário Gércio Marcelino Mendonça Júnior, o Júnior Mendonça, pode ser “laranja” de uma rede de postos de combustíveis na Grande Cuiabá. Os postos da Rede Amazônia são de propriedade do empresário, que é delator da Operação Ararath, que investiga a realização de pagamentos por parte do Governo do Estado, em desacordo com as determinações legais, para empreiteiras, além do desvio desses recursos em favor de agentes públicos e empresários, através da utilização de instituição financeira clandestina. Júnior Mendonça, inclusive, foi ouvido pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Renúncia e Sonegação Fiscal na Assembleia Legislativa no mês de agosto, quando prestou um depoimento inusitado, apontando para a existência de postos de combustíveis  na Capital registrados em nome de laranjas e que praticam a sonegação de impostos e a venda de produtos adulterados, exatamente o crime apontado pelo relatório da PF que o CO Popular teve acesso.

“O que é muito estranho realmente no setor, é que temos um número de postos que realmente atuam sem qualquer licença de operação em nome de laranjas e com combustíveis sem procedência. Só que não chegou para mim que havia facção por trás do posto. O que observamos é que existe um número pequeno de postos, uns 15, que estejam trabalhando de forma completamente irregular e sem licenças”, revelou durante oitiva na CPI. Júnior Mendonça foi um dos primeiros homens de Mato Grosso a fazer delação premiada, em 2014. Dono de postos de combustíveis na capital e da Globo Fomento Mercantil, empresa de financiadora de crédito, Júnior Mendonça sempre viveu na capital mato-grossense. Antes de começar a atuar no ramo de revenda de combustíveis, até 2006 ele só mantinha a factoring, que operava supostamente sem autorização do Banco Central. Colaborador 'premiado' das investigações acerca de empréstimos fraudulentos e lavagem de dinheiro, Júnior Mendonça teria ajudado vários políticos no financiamento de campanhas eleitorais. Inquérito do Ministério Público Federal (MPF) aponta que ele teria emprestado cerca de R$ 7 milhões ao governador Silval Barbosa na campanha à reeleição em 2010. Mendonça também foi citado pela então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, ao ressaltar a existência de bancos clandestinos operados em Mato Grosso.

Na denúncia feita contra o ex-governador e atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi, no mês de maio de 2018 por corrupção ativa, Dodge citou que Júnior Mendonça usava nomes de seus familiares e de pessoas jurídicas para “lavar” dinheiro na factoring Globo Fomento Mercantil, de sua propriedade. “Além de fazer atividades típicas de instituições financeiras, sem a devida autorização do Banco central – como a concessão de empréstimos e a cobrança de juros, que não são atividades de fomentos ostentadas como fachada – Gércio Marcelino de Mendonça Junior utilizava a mesma estrutura empresarial para praticar o crime de lavagem de dinheiro, com auxilio e/ou usando nomes de familiares próximos e de pessoas jurídicas constituídas em nome deles”, argumentou a procuradora-geral. “Neste contexto, as investigações se estenderam a outras pessoas físicas – seu pai (Gercio Marcelino Menonça), seus irmãos (Claudio Fernando Mendonça e Roni Henrique Mendonça), além de outros associados, devidamente identificados e pessoas jurídicas, dentre estas: Treze Administradora de Bens Ltda., GR Fomento Mercantil e GM Comércio de Tintas”, continuou.

Conforme Raquel, além da factoring, Júnior Mendonça também chegou a utilizar a estrutura da sua rede de postos de combustíveis, a Comercial Amazônia de Petróleo Ltda., para conceder empréstimos para pessoas físicas e jurídicas, “cobrando remuneração (juros), exigindo garantias (inclusive reais) e intermediando o fluxo de recursos de terceiros, dentre outras operações ilegais”. A delação de Júnior Mendonça permanece sob sigilo, apesar de trechos de algumas terem sido vazadas.  Ele chegou a devolver cerca de R$ 12 milhões aos cofres públicos. A delação de dele é que permitiu a Ararath chegar a nomes como o do então governador da época Silval Barbosa e do ex-ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), além do ex-presidente da Assembleia Legislativa José Riva, todos alvos da quinta fase da operação, deflagrada em maio de 2014.

Júnior Mendonça revelou o esquema de empréstimo para financiamento de campanha, e como eram pagos, por meio de empresários que tinham contratos superfaturados com o estado. A sua delação abriu caminho para que outros empresários envolvidos no esquema também procurassem o Ministério Público Federal (MPF) para colaborarem. A primeira delação ainda permitiu compartilhamento de provas com o MP de Mato Grosso, que gerou outras importantes operações locais, que revelaram esquemas de corrupção engendrada no Palácio Paiaguás e Assembleia Legislativa. A reportagem do CO Popular tentou insistentemente contato com o empresário Júnior Mendonça, mas até o fechamento da edição não obteve retorno. 

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