Em interrogatório conduzido pelo delegado Guilherme Bertoli, titular da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf), a personal trainer Kátia Valéria, acusada de furtar joias da empresária Rose Piran, alegou sofrer com cleptomania ao confessar os crimes. Além dos furtos cometidos contra a cliente durante quase um ano, o nome de Kátia também aparece em um boletim de ocorrência, de fevereiro deste ano, por furto na loja Carmen Steffens, do Pantanal Shopping. “Ela fala que é cleptomaníaca, fala que tem essa doença. Mas eu não tenho como comprovar, só com psicólogo, algum especialista”, disse o delegado. A cleptomania é um transtorno mental que leva o indivíduo ao impulso irresistível de furtar objetos, independente do valor. A causa da doença ainda é desconhecida. Kátia trabalhava há cerca de dois anos para a família como personal trainer do filho da empresária, que tem 18 anos.
Ela fala que é cleptomaníaca, fala que tem essa doença. Mas eu não tenho como comprovar, só com psicólogo
Segundo Bertolli, a suspeita foi conduzida à Derf na última quinta-feira (17) para ser interrogada sobre o furto de um Rolex avaliado em R$ 200 mil após Rose Piran dar conta do sumiço da peça. O delegado disse que a empresária chegou em casa na quarta-feira e deixou o Rolex em cima de uma bancada no quarto enquanto a personal dava aula para o seu filho. Na manhã seguinte, a vítima foi usar o relógio, mas não o encontrou. “Ela foi analisar as imagens das câmeras de circuito interno de vigilância dos corredores e viu que a personal entrou rapidamente no quarto, coisa de 8 segundos, e saiu. Ela confirmou a suspeita que tinha em relação à personal”, explicou Bertoli. A vítima esperou Kátia chegar para dar outra aula para seu filho e acionou a Polícia Civil, que conduziu a suspeita para a delegacia. No entanto, a personal não foi presa, pois não havia situação de flagrante, visto que o crime ocorreu no dia anterior. Interrogatório De acordo com o delegado, Kátia não admitiu o crime de início. Mesmo com as imagens das câmeras de segurança, ela tentou convencer os investigadores de que não furtou o relógio. Durante o interrogatório, Bertoli apontou que havia um boletim de ocorrência contra ela por furto de uma peça de roupa ocorrido em fevereiro. O delegado contou que Kátia teria experimentado sete peças de roupa no provador da loja Carmen Steffens, mas devolveu somente seis. A vendedora suspeitou e se deu conta do furto ao encontrar a etiqueta da roupa jogada atrás de um puff no provador.
O relógio estava no Rio de Janeiro. Ele comprou por R$ 40 mil e revendeu para um comprador no Rio
“A partir dos indícios que a gente foi utilizando no interrogatório é que ela confessou os crimes”, afirmou o delegado. Objetos roubados Após confessar, Kátia levou os policiais até sua casa, onde foram apreendidos o Rolex furtado no dia anterior, um anel avaliado em R$ 400 mil, correntes, anéis e R$ 36 mil fruto da venda de outro Rolex. “Ela vendeu [um dos relógios roubados] por R$ 40 mil, usou R$ 4 mil e sobrou R$ 36 mil”, comentou o delegado. Ainda falta recuperar um terceiro Rolex, que pertence ao filho da vítima e teria sido o primeiro relógio a ser furtado. A personal também apontou quem seria o comprador de um dos relógios que foi recuperado na segunda-feira (21), cujo próprio receptador devolveu à Polícia. “O relógio estava no Rio de Janeiro. Ele comprou por R$ 40 mil e revendeu para um comprador no Rio de Janeiro”. “Ele comprou por R$ 40 mil, então tinha ciência de que estavam comprando um relógio era de origem duvidosa. E ainda intermediou a venda para uma pessoa de outro estado, porque já tinha noção de que era objeto de crime. Vai responder por receptação qualificada”, afirmou o delegado. Ele ainda pede para que os compradores de boa-fé que estão com as joias das vítimas procurem à Derf e devolvam os bens. O inquérito policial deve ser concluído em 30 dias e a personal pode ser indiciada por furto qualificado pelo abuso de confiança de forma continuada, segundo Bertoli.