O juiz Jorge Luiz Tadeu, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, adiou novamente a audiência na qual seria ouvido o cabo da Polícia Militar, Gerson Corrêa, que acusou o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) de fazer interceptação ilegal de telefones de pessoas relacionadas à ex-primeira-dama Roseli Barbosa, entre eles o ex-governador Silval Barbosa, no âmbito da “Operação Arqueiro”. Foi Gerson quem detalhou como funcionava o esquema da Grampolândia Pantaneira em Mato Grosso.
A audiência estava agendada para a tarde desta quarta-feira (27), mas acabou sendo adiada, pois nem todos os advogados das partes foram intimados para tirar cópias das delações. A audiência com o cabo Gerson já havia sido adiada no dia 12 deste mês, pois a defesa da ex-primeira-dama Roseli Barbosa não havia juntado aos autos os anexos com seus depoimentos, apenas os termos do seu acordo de sua colaboração premiada.
A audiência é referente à Operação Arqueiro, que investigou um esquema de fraudes em convênios na Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social de Mato Grosso (Setas) até o ano de 2014, durante gestão da ex-primeira-dama Roseli Barbosa.
O cabo Gerson, que seria ouvido na audiência desta quarta-feira (27), já que disse à Justiça, em audiência da Grâmpolândia na 11ª Vara Criminal, que houve prática de “barriga de aluguel” na operação Arqueiro. A audiência agora deve acontecer apenas no dia 13 de fevereiro de 2020.
Operação Arqueiro
As investigações começaram após a divulgação de erros grotescos em apostilas que estavam sendo utilizadas nos cursos de capacitação em hotelaria e turismo promovido pela Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social. Em um dos casos exemplificados pelo MPE, a pessoa contratada para elaboração do conteúdo das apostilas possuía apenas o Ensino Médio completo. Em seu depoimento, a jovem confessou que recebeu pelo serviço a quantia de R$ 6 mil e que copiou todo o material da internet.
De acordo com informações da assessoria do Ministério Público Estadual, a denúncia aponta o empresário Paulo César Lemes como líder da organização. Segundo o MPE ele atua no ramo de cursos profissionalizantes e é proprietário dos institutos sem fins lucrativos IDH, Concluir e INDESP, entes jurídicos que estariam sendo utilizados na prática de crimes contra a administração pública.
Segundo o MPE, nos últimos dois anos, a empresa Microlins e os Institutos de Desenvolvimento Humano (IDH/MT) e Concluir receberam do Estado quase R$ 20 milhões para executar programas sociais. Os crimes imputados são: constituição de organização criminosa, corrupção, peculato, lavagem de dinheiro, uso de documento falso e outros.
O MPE pediu a devolução dos valores subtraídos, condenação por dano moral coletivo, suspensão de pagamentos de contratos firmados entre as empresas e a SETAS além de proibição de celebração de novos contratos, indisponibilidade de bens dos denunciados e afastamento dos sigilos bancário e fiscal.