Um dos aviões apreendidos em Mato Grosso, num hangar no Aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande, por força da Operação Céu Dourado, de combate à extração e comercialização ilegal de ouro está registrado em nome da empresa BJR Máquinas Minas Ltda, parte do Grupo BJR Minérios, localizada no bairro Anhanguera, em Goiânia. Essa empresa está registrada nos nomes de duas mulheres: J.L.C. e J.D.C.C.
Elas são relacionadas como sócias proprietárias de outra empresa também ligada à mineração, a RJR Minas Export (RJR Minas Export Eireli). O capital social dessa empresa aberta em 1985 é de R$ 63 milhões e inclui atividades tão diversas quanto cultivo de milho, cana-de-açúcar e soja, obras de terraplenagem, comércio atacadista de jóias relógios e bijouterias e, claro, comércio atacadista de máquinas, equipamentos e produtos de construção, operação e extração de minérios.
No cadastro da Receita Federal, as empresas citadas contam como ativas. Sobre a aeronave apreendida, trata-se de uma Piper Aircraft, marca norte-americana, fabricada em 1981, modelo PA-34-220T Seneca III — reconhecidamente bom para cargas, suportando uma pressão de até 2,045 toneladas de pouso (vazia não pesa nem 1,45 ton) —, comprada pela BJT Máquinas Minas Ltda em 12 de junho deste 2019.
Dois dias depois da apreensão de um monomotor carregado com 110 quilos de ouro ilegal pela Polícia Militar, no Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, e que deu início à operação da Polícia Federal. A licença operacional do bimotor expira somente no dia 27 de dezembro de 2019 e ela estava plenamente apta a voar, segundo o código de regras e procedimentos técnicos da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), de onde saíram todas as informações relativas à aviação.
As informações relativas à empresa vieram do site da Receita Federal brasileira. Outra curiosidade quanto à máquina voadora é que sua licença de operação inclui voos noturnos e exclui atividades de táxi aéreo.
A categoria de registro? Serviços aéreos privados. O outro avião foi apreendido em Colíder, mas não dá pra ver o prefixo.
OPERAÇÃO CÉU DOURADO
Os 26 mandados judiciais da Operação Céu Dourado, de combate à exploração ilegal de minérios pela PF (Polícia Federal) em Mato Grosso, estão sendo cumpridos em Cuiabá, Alta Floresta (distante 795 quilômetros da capital), Apiacás (936 quilômetros), Colíder (635 km) e Colniza (1.067 km) na manhã desta quarta-feira (23). Segundo informações, em Apiacás e Alta Floresta os alvos são uma loja especializada em comércio de ouro de um mesmo proprietário.
Inclusive, o estabelecimento de Alta Floresta foi alvo da Operação Trypes. Em Colíder, segundo a PF, o alvo é um hangar onde estaria sendo apreendido um avião.
No aeroporto Marechal Rondon, os policiais também estão realizando a apreensão de uma aeronave. À exceção óbvia da capital, todas as cidades estão situadas no extremo norte do Estado, região conhecida pela riqueza mineral e com partes de seu território já dentro da Amazônia. Na última semana, houve uma operação da Polícia Federal para desintrusão de um garimpo ilegal na cidade de Aripuanã (distante 705 quilômetros da capital). Em Goiânia, o alvo são as empresas ligadas ao comércio e exportação possivelmente ilegal de ouro lá baseadas, pois seriam elas as responsáveis por emitir notas fiscais falsas para esquentar as cargas.
Todos os mandados foram expedidos pela Quinta Vara da Justiça Federal de Goiânia. Foi lá que a investigação começou, em junho deste 2019, depois que a PF apreendeu 110 quilos — avaliados em mais de R$ 22,4 milhões — do minério, dentro de um avião estacionado na pista do Aeroporto Santa Genoveva, na capital de Goiás.
Além dos dois Estados da região Centro-Oeste, os agentes cumprem mandados em São Paulo. A tese dos investigadores é de que o material de alto valor comercial e industrial é vendido clandestinamente para países da União Europeia porque essas empresas não possuem licenças de exportação e ainda esquentavam o material com notas fiscais frias. Conforme a imprensa da capital vizinha, a carga fora apreendida no Santa Genoveva juntamente com o passageiro que a mandou embarcar.
Era o dia 10 de junho deste 2019 e a Polícia Militar de lá atuou em conjunto com a PF. De acordo com as informações do boletim de ocorrência lavrado na ocasião, as barras seriam transportadas de um caminhão para um avião monomotor.
No meio do caminho, o homem foi apontado como dono da carga e autuado por crimes ambientais e de usurpação de bem da União. A PM teria começado a caça àquela carga depois que uma denúncia anônima sobre o tal monomotor que seria usado para transportar mais de 100 quilos de ouro ilegal tendo Goiânia como destino.
De lá o ouro extraído de forma ilegal seguiria para um país europeu que a PF não informou qual seja. Já responsável pela investigação, em julho, os federais descobriram que a empresa responsável pela carga de ouro ilegal fora autuada em mais de R$ 7 milhões. Segundo a Delegacia Regional de Fiscalização de Goiânia, essa carga era transportada com nota fiscal irregular e isso é indício de transferência não tributada do ouro de Mato Grosso para Goiás e ainda por cima não há apontamento da origem do produto.