A Justiça Federal de Barra do Barças (520 quilômetros de Cuiabá) determinou o bloqueio de sequestro de bens e valores de diversos servidores públicos envolvidos no esquema de pagamento de propina da JBS Friboi, totalizando mais de R$ 5 milhões. Conforme as investigações, a fraude utilizou até dados falsos de uma pessoa falecida para simular um pagamento de serviços que não havia sido realizado. Ao todo, são cumpridos 15 mandados de busca e apreensão na segunda fase da 'Operação Porteira Aberta', deflagrada nesta terça-feira (10).
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Conforme informações da Polícia Federal e Ministério Público Federal (MPF/MT), os valores destinados ao pagamento de propinas eram registrados na contabilidade das unidades da empresa como despesas de consultoria e marketing ou serviço de inspeção federal.
Entre os anos de 2010 a 2014 os lançamentos contábeis destinados a encobrir as propinas se valeram de documentos falsos, já que o CPF destinatário das despesas, que teria supostamente prestado os serviços de marketing, pertencia a pessoa falecida em 2009, momento anterior aos lançamentos.
São alvos da operação os Fiscais Federais Agropecuários e os médicos veterinários conveniados ao SIF que atuavam na fiscalização das plantas industriais da empresa localizadas nos municípios de: Anápolis/GO, Campo Grande/MS, Cassilândia/MS, Barra do Garças/MT, Confresa/MT, Cuiabá/MT, Diamantino/MT, Pedra Preta/MT, Vila Rica/MT, São José dos Quatro Marcos/MT, Água Boa/MT, Matupá/MT e Ponta Porã/MS.
Os 15 mandados de busca e apreensão foram expedidos pela Justiça Federal de Barra do Garças, que determinou também o sequestro de bens e valores pertencentes a quatro fiscais federais agropecuários, totalizando R$ 5.080.200,00.
A segunda fase é resultado da análise dos dados bancários dos investigados, dos documentos contábeis apreendidos durante a deflagração da primeira fase (15/06/2018), os quais apontaram o pagamento de R$ 1.860.700,00 em propina apenas na unidade de Barra do Garças/MT, além da celebração de 11 acordos de colaboração premiadas entre o Ministério Público Federal e Polícia Federal com os prepostos da empresa responsáveis pela operacionalização dos pagamentos.
Os colaboradores afirmaram que houve o pagamento de, no mínimo, R$ 6.092.200 em propinas aos agentes públicos envolvidos. Elas variavam de R$ 5 mil a R$ 25 mil mensais, que perduraram até o início de 2017, cessando com a deflagração da Operação Carne Fraca.
A operação foi denominada 'Porteira Aberta', tendo em vista a ausência de controle dos animais e falta de inspeção dos fiscais sanitários, que permitia que o gado fosse abatido indiscriminadamente, sem qualquer empecilho.
Por meio de nota, a empresa se manifestou. Confira a íntegra:
"A J&F esclarece que a JBS não é alvo da ação, ao contrário. A J&F contribui para o avanço das investigações. A operação deflagrada hoje pela Polícia Federal tem como base informações prestadas pelos colaboradores do grupo às autoridades".