No dia 15 de julho de 2024, uma tragédia tomava conta da famosa cidade calorosa de Mato Grosso, Cuiabá. Por volta das 02 horas da madrugada, iniciava o incêndio no prédio onde ficou tomado pelo fogo, destruindo toda a estrutura.
Durante a madrugada, as pessoas que estavam passando pelo local, contataram a equipe do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Mato Grosso (CBM), que rapidamente chegaram para combater as chamas. Devido à gravidade e tamanho do espaço, a equipe solicitou reforços da equipe de Várzea Grande, para que fosse resolvido o mais rápido possível, evitando assim, que o fogo se alastrasse e contaminasse outros comércios da região.
Após as chamas serem apagadas, a equipe de Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec), iniciou as investigações para entenderem o ocasionou o incêndio. Ainda não há prazo para a finalização da investigação e nem para a liberação da área para evacuação dos escombros. De acordo com a equipe, está sendo analisado projetos estruturais e elétricos, mapeamento da distribuição das câmeras do local e análise das imagens para a identificação do primeiro foco do incêndio. O fogo demorou cerca de 30 minutos para se espalhar devido à grande quantidade de materiais inflamáveis no local.
Desde o incêndio, vídeos e fotos começaram a circular nas plataformas digitais, para alertar os comerciantes. O presidente da Associação dos Camelôs do Shopping Popular, Misael Galvão, comentou muito emocionado, que recebeu uma ligação por volta das 03h.
“Fui informado por volta das 3h. É uma notícia muito triste, estou sem palavras. Nossa vida estava aí dentro, a vida de 600 pais de família”, disse para a nossa equipe.
Para ele, o local sempre foi referência de trabalho e renda, gerando mais de 3 mil empregos com carteira assinada. Os funcionários e donos de bancas, ficaram em choque e decepcionados com o fato. Alguns comerciantes foram até o local, com a intenção de tentar salvar algum produto e infelizmente não foi possível, pois, não sobrou nada das 600 lojas. Vale ressaltar que o Shopping Popular possuía Alvará de Segurança Contra Incêndio e Pânico vigente.
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Devido à repercussão, o governo estadual se solidarizou com os trabalhadores e liberou linhas de crédito, para que pudessem voltar as atividades. As primeiras negociações para apoio financeiro foram discutidas em reunião liderada pelo governador em exercício, Otaviano Pivetta, com representantes da Associação Comercial Popular de Camelôs e membros de magistrados federais e estaduais. O acusado está no Palácio Paiaguás. Otaviano Pivetta enfatizou que o governo de Mato Grosso é sensível à situação dos comerciantes e buscará rapidamente os meios adequados para ajudar os atingidos.
"Fizemos uma primeira reunião e a Associação nos pediu o estudo da liberação de crédito. Há boa vontade de todos os lados para apoiar os comerciantes após essa tragédia e vamos fazer isso organizadamente, com toda celeridade possível", afirmou o governador em exercício. Para o governador Mauro Mendes, o camelô é emblemático, porque foi na época dele, como prefeito de Cuiabá, que esse espaço do Shopping Popular foi requalificado. Vamos fazer todos os esforços necessários e possíveis para que a gente possa ajudar na recuperação das vidas dessas famílias", completou.
Segundo o secretário-geral da Casa Civil, Fábio García, ficou acordado que a Associação deverá submeter ao governo o balanço dos danos causados pelo incêndio, bem como as informações legais e jurídicas dos comerciantes, para subsidiar a criação de uma linha de crédito emergencial pela agência estadual de fomento, a Desenvolve MT.
Nesta reunião, no Palácio Paiaguás, participaram o senador Jayme Campos, os deputados federais Gisela Simona, Abílio Brunini, Coronel Assis e Coronel Fernanda, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Eduardo Botelho, e os deputados estaduais Janaina Riva, Elizeu Nascimento, Wilson Santos, Dr João, Carlos Avallone, Júlio Campos, Lúcio Cabral, Rafael Ranalli, Sebastião Rezende, Dilmar Dal'Bosco e Juca do Guaraná e também o presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios, Leo Bortolin, o secretário de Desenvolvimento Econômico, César Miranda, a presidente da Desenvolve MT, Mayran Beckman, o procurador-geral do Estado, Francisco Lopes, e o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, Flávio Glêdson Bezerra.
Nos últimos dias, o Ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil, Carlos Fávaro, se sensibilizou e levou o caso para o Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, com o intuito de buscar ajuda financeira do governo federal.
“Estou recebendo o ministro Carlos Fávaro que vem me contar uma tragédia que aconteceu em Cuiabá. Isso aqui é uma foto que ele me mostrou de um shopping popular construído pelos trabalhadores que tem como presidente o companheiro Misael Galvão, que é o organizador de todas as pessoas que tem loja nesse shopping. São praticamente 600 lojas. Um espaço feito pelos próprios trabalhadores. Sei que a cidade está coordenada, eu sei que o Estado está muito sofrido com isso e sei que o povo que trabalha precisa de perspectiva de vida. Nós do governo federal
vamos conversar com o prefeito. Nós, do governo federal, vamos ajudar a reconstruir a possibilidade de vocês voltarem a trabalhar com cidadania, com dignidade e de forma muito respeitosa. O trabalho que vocês fizeram é extraordinário, é um modelo de exemplo para como é que os camelos devem se organizar e vamos contribuir com vocês”, disse o presidente Lula.
O prefeito Emanuel Pinheiro, a primeira autoridade a chegar no local consumido pelo fogo no início da manhã, em solidariedade às vítimas e ao presidente Misael Galvão, declarou que a “Prefeitura de Cuiabá não medirá esforços para auxiliar os comerciantes”. O gestor anunciou: o trabalho conjunto do Cuiabanco e Desenvolve MT para maior assertividade na concessão de linhas de crédito e a cessão do espaço do Complexo Dom Aquino para a reabertura, por um momento temporário, de um centro comercial. A Secretaria de Ordem Pública vai ajudar no processo de formalização das empresas e fornecer os documentos necessários para facilitar o acesso ao crédito, além de assegurar a segurança do local. A Empresa de Zeladoria e Serviços Urbanos de Cuiabá (Limpurb) e a Secretaria de Obras Públicas, com autorização do Corpo de Bombeiros e Defesa Civil, irão agir imediatamente para desocupar a área e preservar a limpeza e a ordem pública.
Para a imprensa, o deputado Emanuelzinho afirmou que é necessário trabalhar em conjunto com o anúncio de medidas de linha de crédito para auxiliar na realocação desses trabalhadores em outra área, além da reconstrução do espaço do shopping popular e na recapitalização das famílias que perderam tudo repentinamente. Segundo o deputado, o governo federal está preocupado e atento à situação e garante um apoio 100% do governo federal.
Buscando uma solução para os lojistas e para os 3 mil trabalhadores, o presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), deputado Eduardo Botelho, discutiu com a diretoria do Shopping Popular de Cuiabá, no Colégio de Líderes da Casa de Leis, medidas eficazes para atender com urgência. Nesse caso, fizeram uma divisão de do plano de ação. O primeiro passo é montar uma estrutura adequada e depois a linha de crédito, que já está sendo resolvida pelo governo estadual.
O impacto financeiro causado pela destruição do edifício e dos estoques ainda não foi quantificado. O presidente da Assembleia solicitou um levantamento completo das necessidades dos comerciantes para retomar as operações, incluindo tendas, sanitários e acesso a crédito para reposição de mercadorias. A reconstrução representa a terceira fase; então, será discutido com o governo e outros parceiros. Com uma ação rápida, é possível evitar a necessidade de criar qualquer tipo de ajuda emergencial.
Um cliente muito antigo do comércio, esteve no local, dias antes e ficou bastante comovido com a situação dos lojistas, trabalhadores e familiares e decidiu doar tendas de 60 × 15 cm, assegurando que não fiquem no sol e possam comercializar com um pouco mais de conforto.
A nossa equipe esteve no momento em que chegava as tendas e teve a oportunidade conversar com o Misael Galvão e o mesmo explica melhor sobre a doação.
“Tem um cliente antigo, que esteve nos visitando e no momento que ele estava, se sensibilizou com o calor e viu o vento levando uma boa parte das bancas e com isso, conversou conosco, para fazer a solidariedade e está instalando sem custo algum, para poder contemplar os associados, que estavam trabalhando no sol e no mínimo de conforto, pois, todos estão fragilizados. Estamos recomeçando das cinzas e muitos deles, não tem dinheiro para recomeçar, comprar mercadorias, tendas e estão firmes e fortes para ressurgir das cinzas. Essa boa ação vai ficar marcado em nossos corações”.
Ainda na conversa, Misael afirma que ao saber da notícia e ir ao local, no dia 15 de junho, ficou bastante impactado e recebeu mais de 100 ligações e que está buscando forças em Deus e nos associados, para buscar uma solução.
“São grandes associados e associadas, mas para mim, tenho como filhos, até por que estou aqui desde 1992 e a minha profissão é camelô. Nós vamos ressurgir das cinzas, iremos, rever nosso shopping popular pronto, no dia 21 de abril de 2025 e tudo que nós construímos, ao longo desses 29 anos. Não perdemos a fé, união, determinação, garra e esperança. E estaremos firmes e fortes se Deus quiser, daqui a um ano com tudo reestabelecido, por fé, coragem, determinação e solidariedade da imprensa, população e dos poderes públicos”, ressalta Misael.
Galvao ainda afirma que após uma conversa com o Carlos Fávaro, já tem uma agenda para uma visita em Brasília, no Distrito Federal entre os dias 30 e 31 de julho, para realizar reuniões com o Ministro da Fazenda Fernando Haddad, Ministro do Empreendedorismo, Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Marcio Luiz França Gomes, com o Ministério do Trabalho e Emprego.
“Teremos longas reuniões e temos garantia pelo Fávaro e da própria mensagem do Lula, que enviou para a sociedade cuiabana, que vai encaminhar recursos para a reconstrução e capital de giro, para os associados. Até porque o shopping popular não é do Misael é um patrimônio de Cuiabá, que todo mundo gosta e frequenta, independente de classe”, finaliza Misael.
Do outro lado, os comerciantes relataram para a nossa equipe, como estão se sentindo e de que forma estão vendendo seus produtos. Durante a reportagem, a empresária Luciana Oliveira, de 38 anos cedeu uma entrevista.
“A nossa loja Conexão Digital, atua no ramo de segurança residencial, com alarmes, câmeras wifi, controle de portão eletrônico, telefonia para moveis rurais e entre outros. Quando soube da notícia, fiquei muito triste e costumo dizer que cada dia é um dia para nós, nenhum é igual ao outro e o que nos dá força e a união de todos que estão aqui no estabelecimento no local provisório.
Para conseguir mercadoria, corri aos fornecedores, feito uma consignação e os que forem vendidos, pago e os demais devolvo ou troco por outro produto”, afirma Luciana.
Uma comerciante de eletrônicos, em geral, Leonora Silva, 37 anos, nos informou a maneira como vem se virando para conseguir dinheiro e manter a sua loja.
“Trabalhamos com um pouco de cada e nesse momento estamos trabalhando com o que sobrou do nosso estoque. É bem difícil o recomeço, pois, mais de 80% dos produtos em loja, foram perdidos e aos poucos, com o andar das vendas, está chegando mais produtos”, explica Leonora.
As investigações seguem em andamento, para mais esclarecimentos sobre o motivo do incêndio.