Após aumento de 50% em alguns cortes, o preço da carne bovina registra queda no varejo. Esta semana, o quilo do músculo é encontrado por R$ 16,99 em Cuiabá, 20% abaixo do valor médio apurado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) na semana anterior, de R$ 21,29. A picanha é vendida ao consumidor por R$ 41,99 (kg) ante os R$ 52,93 registrados até 13 de dezembro. O barateamento começou no campo, passa pelos frigoríficos, onde o preço caiu 15% em duas semanas, e chega ao balcão dos açougues. Ainda assim, os cuiabanos consideram os valores bem acima da capacidade de pagamento.
Robson dos Santos, gerente de um açougue na Capital, informa que pagou R$ 217,50 pela arroba de carne na última semana, quantia que caiu para R$ 187,50 na segunda-feira (16), decréscimo de 13,8%. O recuo já foi repassado aos clientes, com redução média de R$ 2 no preço de venda. “Nossa expectativa é recuperar 100% do movimento que tínhamos. As vendas caíram 75% após os aumentos de preço”.
Em um outro estabelecimento, um mercado que comercializa carne, os preços também baixaram 10%, em média. A alcatra que custava R$ 33 agora sai por R$ 29,99, por exemplo. Contudo, para os clientes os valores ainda estão elevados, afirma o açougueiro Júlio Lameu, que diz que a expectativa é de crescimento com a proximidade do Natal, quando muita gente não abre mão do produto nas festas.
Por outro lado, os consumidores afirmam que o recuo de R$ 2 a R$ 3 no quilo da carne não resultará em aumento imediato no consumo. Para o motorista autônomo Márcio Corrêa, 38, os preços estão fora da capacidade de pagamento da maior parte dos trabalhadores. “Todo mundo hoje em dia está passando a consumir mais carne de frango, ovos e peixes, porque ninguém aguenta esse absurdo de preço, isso porque o Brasil é um dos maiores produtores de carne do mundo”, reclama. O mesmo afirma Íris Nunes, 54, que diz ter se assustado com os preços nas últimas semanas. “Com o preço de R$ 37 até desisti de comprar o coxão mole, porque antes custava R$ 20. Agora compro mais linguiça, frango, ovos. Estou variando mais o cardápio e vou continuar assim, porque R$ 2 a R$ 3 não faz muita diferença”.
Origem da queda
O preço da carne começou a recuar no campo. Frigoríficos que pagaram em média R$ 195,44 aos produtores pela arroba do boi gordo no fim de novembro viram os preços caírem 11% no intervalo de duas semanas. Nesta terça-feira (17), o preço médio era de R$ 173,38 em Mato Grosso. Amado de Oliveira Filho, consultor da Associação dos Criadores (Acrimat), pontua que os preços devem se manter nesse patamar, ou deixarão de remunerar os custos do produtor, já que os investimentos também subiram com a alta arroba.
Paulo Bellincanta, presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas (Sindifrigo/MT), diz que os preços de venda começaram a recuar na semana passada, mas só agora começa a ser percebido no varejo. “Acredito que nesta semana haverá muitas promoções e a tendência é a carne ficar mais barata até o Natal”, prevê. Segundo ele, o valor recuou até 15% nas indústrias, e essa curva decrescente deve continuar até meados de janeiro. A perspectiva é que os preços caiam 20%, após terem subido até 35%. No entanto, não há certeza de que o consumo vai reagir.