Regina Botelho Da Redação
CO Popular- O ano de 2019 foi difícil, com um cenário de desemprego, inflação e muitas mudanças na área política. Na avaliação da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL Cuiabá), como foi o ano de 2019?
Nelson Soares Júnior- O CDL avalia como um ano bom, certamente será melhor de que 2018. Tivemos grandes mudanças na legislação principalmente na legislação trabalhista, na legislação que facilita o relacionamento com as empresas com os organismos de controle do Estado e do Município. Esperamos que essas medidas ao longo do tempo com sua maturação proporcione um ambiente mais tranquilo e otimista para o setor.
CO Popular - Quais são as perspectivas do setor do comércio para o final de 2019?
Nelson Soares- As perspectivas para o comércio em 2019 são boas. Temos em andamento uma campanha de recuperação de crédito que ajuda os consumidores a negociarem dividas com vantagens econômicas, temos também os recursos do FGTS, PIS e 13º salário, que contribuem de forma significativa com o aumento nas vendas, porém, a grande novidade lançada pela CDL Cuiabá é a campanha de Natal Premiado. Uma oportunidade única para os empresários atraírem o consumidor até sua empresa, já que haverá muitos prêmios, inclusive um carro 0 km. Com essa campanha, aliada a outras que CDLs do Estado também estão realizando, é possível se estimar que as vendas devam ter um incremento de pelo menos 7%, fazendo deste período de vendas de fim de ano, o melhor que dos últimos 6 anos.
CO Popular- Como a entidade está vendo inflação em alta, taxas de juro em alta e inadimplência em alta?
Nelson Soares- Estamos vendo a inflação sobre controle, abaixo da média. Isso é bom, pois estamos experimentando a menor taxa de juros da história do Brasil. Nunca tivemos uma taxa de juros de 5% caindo para 4,5%. É logico que isso demora em chegar ao mercado. A inadimplência ainda tem problema em função ao desemprego que também está caindo, mas não na velocidade que a gente queria. À medida que os índices de desemprego diminuam com certeza a inadimplência caíra junto.
CO Popular - O sistema previdenciário brasileiro já não inspira confiança no empresariado que, a fim de oferecer possibilidade de futuro para seus empregados. Como o senhor analisa essa questão?
Nelson Soares- Com relação ao sistema previdenciário, acabamos de fazer a reforma e as mudanças. Para se fizer efeito à mudança serão sentidas em longo prazo e sua finalização em 10 anos. Acho é que o brasileiro precisa se acostumar com a ideia de criar uma poupança paralela a sua previdência. Isso é uma questão cultural, e só vemos essa situação em países mais desenvolvidos, mas é uma trilha que vamos ter que seguir.
CO Popular- Como é a relação da CDL com o Governo Municipal e Estadual?
Nelson Soares- As nossas relações são boas. Temos feitos alguns embates, algumas cobranças. Na medida do possível, vemos o governo estadual se esforçando para atender e em outras situações, certa dificuldade. Na área municipal, tivemos um avanço bastante expressivo com o prefeito Emanuel Pinheiro, principalmente com relação às obras que foram realizadas na área central da cidade, como as reformas das praças, implantação de lixeiras, pontos de ônibus climatizados. Tudo isso, favorece a vinda do consumidor para o centro da cidade para realizar suas compras no comércio de Cuiabá.
Temos algumas cobranças que ainda estão pendentes como, por exemplo, a implantação do estacionamento rotativo que é uma reivindicação nossa e foi promessa de campanha, mas até agora não conseguimos cumprir. No Estado a circunstância é mais difícil, devido à situação fiscal e econômica que exige mais cuidados. Tivemos um grande embate para se fosse aprovada a reforma tributária que passa a vigorar a partir de 01 de janeiro, mais estamos vendo um esforço grande do Governo do Estado em conter as despesas. Deixamos claro que não cabe mais e não tem como ter qualquer tipo de aumento de imposto. Nossa relação com o governador Mauro Mendes é boa, ele tem nos atendido na medida do que é possível. Mas a luta continua para que melhorar as condições de trabalho e as condições empresariais no Estado de Mato Grosso.
CO Popular- Hoje qual é a situação do Diferencial de alíquota do ICMS no Estado?
Nelson Soares- Enquanto não houver a reforma tributária federal, vamos continuar na luta gladiando com os outros estados através dos incentivos. O que a gente imagina é que a mentalidade do governo atual está mais dinâmica voltada para tentar resolver os problemas. Tudo que foi feito até agora, vamos experimentar o ano que vem e ver se isso vai ter efeito prático na concorrência com os outros estados, ou se vai continuar tendo que lutar para que outras empresas não invadam Mato Grosso.
CO Popular- O setor varejista já buscou dialogar com o Estado para acertar uma alíquota de ICMS mais favorável ou outra solução que seja satisfatória para as duas partes?
Nelson Soares- Tivemos mais de 20 reuniões, inclusive setoriais e avaliamos quais as melhores condições para cada um dos setores em relação à reforma tributária. Boa parte foi atendida pelo Estado, outras não. De qualquer forma teremos, teremos que aguardar o próximo ano, para saber efetivamente. Nossa expectativa é que deva vir um aumento na carga tributária.