O presidente Lula (PT) voltou nesta sexta-feira a se comprometer com a responsabilidade fiscal, ao mesmo tempo em que rebateu analistas que afirmaram, durante a escalada do dólar dos últimos dias, que ele “fala demais”, impactando a economia.
— Que bom que eu falo demais, porque teve um tempo em que eu não falava. Quando eu resolvi criar um partido político, o nosso lema era dar vez e voz aos trabalhadores brasileiros que nunca tiveram ninguém. E estou aqui. E não adianta tentar criar caso comigo. E não adianta falar de responsabilidade fiscal, porque se tem uma coisa que eu aprendi com a Dona Lindu, foi responsabilidade fiscal. Cuidar do meu pagamento, cuidar do meu salário, cuidar da minha família. E hoje a minha família é o Brasil. São 213 milhões de filhos que nós temos que cuidar. E só vai dar certo se a economia estiver arrumada — declarou o presidente durante evento para inauguração de um novo prédio no campus Osasco da Unifesp.
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Ele completou:
— Se a gente fizer, como aquela pessoa que joga dinheiro fora por causa do cartão de crédito, a economia vai quebrar. E, no meu governo, não vai quebrar, porque nós temos a responsabilidade de cuidar desse país.
'Não somos todos iguais'
O presidente também fez críticas a parte da “elite brasileira” e defendeu os investimentos de seu governo na área da educação:
— Toda vez que se tenta fazer política social, aparece alguém dizendo: ‘Gasta demais’. E eu fico me perguntando, quanto custou a esse país não ter feito reforma agrária na década de 1950? Quanto custou a esse país não ter feito universidade há 300 anos? Tem gente da elite brasileira que não gosta que eu fale isso. Tem gente que fala que não pode falar “eles” e “nós”, que pensa que somos todos iguais. Nós não somos todos iguais. Tem gente que come dez vezes por dia e tem gente que passa fome.
Lula foi ao evento acompanhado da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja; e dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Camilo Santana (Educação), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais).
Em seu segundo dia de giro por cidades de São Paulo, o presidente visita ainda hoje obras em um centro de educação em Diadema, no ABC Paulista. O governador do estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), não acompanhará o presidente em nenhum de seus compromissos. Ontem, o petista reclamou das ausências de Tarcísio.
Lula foi celebrado pelo público presente, mas também ouviu cobranças dos estudantes. Durante a cerimônia, foram erguidos cartazes demandando moradia para os alunos e melhores condições de trabalho para os professores.
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Uma representante do corpo discente que discursou no palco ponderou que o novo edifício foi entregue, mas não está finalizado. Em resposta, o ministro Camilo Santana prometeu entregar em 2025 a biblioteca, que funcionará num prédio anexo ao edifício acadêmico e administrativo da Escola Paulista de Política Econômica e Negócios (EPPN).
Reforma Tributária
Ao chegar ao evento, o ministro Alexandre Padilha se disse confiante de que o Congresso aprovará na semana que vem o projeto que regulamenta a Reforma Tributária. Padilha afirmou que houve “consenso” em relação aos itens incluídos em cada faixa de tributação, mas afirmou que o presidente ainda espera isenção para carnes:
— Será um passo muito importante para a gente manter a economia do Brasil no trilho certo. O que foi apresentado até agora foi um relatório de consenso entre os sete parlamentares que compõem o grupo de trabalho. Eles listaram pontos que não são consenso e que devem ir a voto no plenário da Câmara. O presidente Lula já manifestou a defesa dele em relação ao tema da carne. Ele defende que tenha redução de impostos para as carnes.