O dólar inverteu o sinal e opera em baixa nesta quinta-feira (8), enquanto investidores repercutem novos dados de emprego nos Estados Unidos.
Na última semana, o país registrou 233 mil pedidos iniciais por seguro-desemprego, abaixo das expectativas e mostrando uma desaceleração em relação a semana anterior. Os pedidos contínuos, porém, acumulam quase 1,9 milhão, acima das projeções.
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Esses dados serão observados com atenção porque investidores ao redor do mundo temem que os Estados Unidos passem por uma recessão econômica, principalmente depois de um relatório de emprego reportar uma desaceleração na geração de vagas de trabalho.
Já o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, opera em alta.
Dólar
Às 11h35, o dólar caía 0,36%, cotado a R$ 5,6046. Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda norte-americana teve queda de 0,55%, vendida a R$ 5,6249. Na mínima do dia, chegou a R$ 5,5977.
Com o resultado, acumulou:
queda de 1,47% na semana;
recuo de 0,52% no mês;
alta de 15,92% no ano.
Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa subia 0,71%, aos 128.423 pontos.
Na véspera, o índice fechou em alta de 0,99%, aos 127.514 pontos.
Com o resultado, o Ibovespa acumulou:
alta de 1,32% na semana;
recuo de 0,11% no mês;
perdas de 4,97% no ano.
O que está mexendo com os mercados?
Depois de um início de semana bastante agitado e de um pregão, nesta quarta-feira, mais calmo, hoje o mercado volta a ficar volátil com os investidores repercutindo os novos dados do mercado de trabalho americano.
Os pedidos iniciais por seguro-desemprego foram 233 mil, contra uma projeção de 241 mil e abaixo dos 250 mil da semana anterior.
Mas olhando para os números contínuos, o país tem 1,875 milhão e pedidos, contra expectativa de 1,870 milhão e acima dos últimos 1,869 milhão.
Vale lembrar que, na última sexta-feira, o payroll, um dos principais relatórios de emprego dos Estados Unidos, reportou 114 mil vagas não agrícolas criadas em julho, bem abaixo das 175 mil vagas que eram esperadas pelo mercado financeiro.
Isso trouxe uma perspectiva para os mercados de que a maior economia do mundo pode estar prestes a enfrentar um período de recessão, já que os números de emprego começaram a ceder num momento em que os juros no país continuam elevados.
Em sua última reunião, também na semana passada, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) manteve seus juros inalterados entre 5,25% e 5,50% ao ano, mas o mercado projeta o início dos cortes já em setembro.
Especialistas começam a questionar, inclusive, se a instituição não "dormiu no ponto" quanto ao momento de iniciar os cortes nos juros e como se posicionar em seus comunicados.
Juros altos encarecem processos de tomada de crédito e financiamento para pessoas e empresas, o que tende a diminuir o consumo da população e frear os investimentos das companhias em seu próprio crescimento — o que pode afetar ainda mais o mercado de trabalho.
Na terça-feira, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC) sinalizou que os juros podem voltar a subir caso o Comitê considere necessário para controlar a inflação.
De acordo com o BC, os movimentos recentes dos fatores que contribuem para a dinâmica da inflação, tais como as expectativas de inflação e a taxa de câmbio, com o dólar subindo fortemente nas últimas semanas, foram amplamente debatidos na reunião da semana passada, que manteve a taxa Selic em 10,50% ao ano.
"Observou-se que, se tais movimentos se mostrarem persistentes, os impactos inflacionários decorrentes podem ser relevantes e serão devidamente incorporados pelo Comitê. Em função disso, o Comitê avaliou que o momento é de acompanhamento diligente dos condicionantes da inflação e de maior vigilância perante um cenário mais desafiador", diz a ata.
Uma expectativa de juros mais altos por mais tempo ou, até mesmo, de uma alta na taxa Selic, impacta diretamente nas projeções de rendimentos dos títulos do Tesouro Direto, que passam a entregar mais rentabilidade.
Isso atrai mais investidores para o país, já que as expectativas são de uma queda nas taxas de juros americanos já na próxima reunião do Fed.
Na segunda-feira, as bolsas viveram um dia de derretimento em todo o mundo. Nos EUA, os principais índices acionários recuaram cerca de 3%, enquanto Europa, Ásia e Oceania seguiram a mesma tendência. No Japão, a queda foi de 12,40%.
No Japão, as ações despencaram também por conta de uma valorização do iene, a moeda oficial do país. O BC japonês elevou suas taxas de juros pela segunda vez em 17 anos.
A manobra do BC pegou investidores de surpresa. Eles se aproveitavam para pegar dinheiro emprestado a juros baixos no Japão e aplicar em outros países com taxas mais altas. A diferença de juros entre um país e outro dá um lucro garantido para a operação, chamada de "carry trade".
Quando os juros subiram, a vantagem do "carry trade" diminui, e os investidores passaram a vender suas aplicações ao redor do mundo para quitar a dívida no Japão. Assim, o iene ganhou força contra moedas de outros países e as bolsas derreteram.
Nesta quarta, após os movimentos de aversão, o vice-presidente do banco central japonês Shinichi Uchida comentou que as chances de um aumento dos juros no curto prazo, acalmando as preocupações dos investidores de que um novo salto da moeda japonesa poderia novamente abalar os mercados globais.
"Como estamos observando uma forte volatilidade nos mercados financeiros nacionais e internacionais, é necessário manter os níveis atuais de afrouxamento monetário por enquanto", disse Uchida.