Regina Botelho
Da Redação
A grana extra de fim de ano está chegando. As empresas têm até 30 de novembro para pagar a primeira parcela do 13º salário. Nesta etapa de pagamento, o trabalhador recebe 50% do valor total do seu 13º salário, sem nenhum desconto. A segunda parcela deve ser depositada até 20 de dezembro. Dessa parcela, são descontados Imposto de Renda e INSS, ou seja, ela é menor do que a primeira. Quem pediu o adiantamento do 13º salário nas férias não recebe a primeira parcela, somente a segunda. Cerca de 81 milhões de brasileiros receberão o 13º salário este ano, com valor médio R$ 2.451, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
O pagamento do 13º salário dos mato-grossenses deve injetar R$ 3,3 bilhões na economia do Estado, de acordo com o dado divulgado pelo Dieese. A chegada do 13º salário coincide com o aumento de gastos típicos de final de ano, como troca de presentes, ceia de Natal e viagens. Mas é preciso considerar as despesas previstas para o início de 2020, além de olhar para a vida financeira e usar essa renda extra de forma consciente, respeitando o padrão de vida da família. O 13º salário foi criado para ser uma gratificação de fim de ano, algo a ser recebido pela população como um presente. Hoje, muitos contam com ele para pagar as dívidas que já têm ou para começar novas, uma evidência de que gastam mais do que a sua renda permite. Fernanda Aguiar, 30 anos, babá conta que tem algumas contas pendentes em loja de departamento. “
Minha prioridade será quitar essas dívidas contraídas no começo do ano, mas que não quitei. Ainda sobrará um pouco, que vou reservar para gastar no salão na semana do réveillon. Quero começar o ano bem bonita”. O funcionário público Rodrigo Amaral conta que vai guarda o dinheiro extra para gastar em janeiro quando sairá de férias com a família para descansar nas praias do nordeste. Leise Carla, 33 anos trabalha no setor financeiro do Sindicato dos Bancários. Ela conta que vai aproveitar a grana extra para pagar contas. “Vou utilizar meu décimo terceiro para pagar algumas contas”. Comércio Para a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL Cuiabá), a liberação do recurso deve ajudar no movimento do comércio. A entidade espera um incremento de 5% a 7% nas vendas de Natal, que serão movimentadas, em grande parte, pelo 13º salário. “ De acordo com o presidente, Nelson Soares, dezembro é o melhor mês do ano para o comércio e um dos motivos é esse, o abono natalino. “Esperamos com ansiedade que isso venha reforçar o resultado deste ano, continuando a escalada de crescimento do 2º semestre.
O ambiente macroeconômico está ficando bom e isso transmite segurança para o trabalhador que acaba tendo mais confiança em comprar, porque tem certeza de que honrará seus compromissos”, afirma. Conforme o Dieese ainda, em relação a 2018 o pagamento dos setores públicos e privados ficou em R$ 3,1 bilhões, ou seja, houve um incremento de 5% em 2019, onde o salário médio subiu de R$ 2,790 mil para R$ 2,907 mil, crescimento de 4,2%. O Dieese aponta também que o 13º será liberado a 339,8 mil aposentados e pensionistas. Eles ficarão com 21% do valor total, com a soma de R$ 719 milhões e salário médio de R$ 2.115,63. Já os 903,6 mil trabalhadores do mercado formal receberão R$ 2,6 bilhões (78,5%), com média de R$ 2.907,11 por pessoa.
Até dezembro de 2019, o pagamento do 13º salário deve injetar na economia brasileira mais de R$ 214 bilhões, cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB). “Diante desses resultados acreditamos que somente no natal deveremos ter uma movimentação na economia em torno de R$ 769 milhões no Estado, o que resultará também em contratações temporárias. Essa é a oportunidade tanto para os empresários de faturarem mais, quanto para quem está desempregado”, avalia Soares. Prioridades O educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli, recomenda que antes de decidir o que fazer com o dinheiro do 13º, o ideal é que o consumidor analise sua situação financeira e estabeleça prioridades.
“O dinheiro deveria ser, primeiramente, pensado para pagar dívidas atrasadas, empréstimos ou para investir. Se o consumidor tem apenas uma dívida em aberto, é mais fácil resolver o problema. Caso exista mais de uma, o ideal é escolher aquela que está atrasada ou optar pela que tem o valor com juros mais altos como, por exemplo, cheque especial e cartão de crédito”, afirma Vignoli. Outra recomendação de Vignoli, é considerar os gastos típicos do começo do ano, como o pagamento de impostos, a exemplo do IPTU, as mensalidades escolares e o IPVA, por exemplo. “Assim como a quitação de dívidas atrasadas, a formação de uma reserva para saldar compromissos típicos de início de ano também deve ser prioridade do consumidor. Todos os anos elas aparecem, mas muitos só deixam para pensar nessas despesas quando elas chegam”, alerta Vignoli.