Andando pelas ruas do centro de Cuiabá é impossível não sentir o cheiro característico do pequi nesta época do ano. A fruta comum do cerrado brasileiro utilizada na culinária cuiabana está sendo comercializada em vários pontos da cidade.
Em uma das calçadas da Rua 13 de Junho próximo à Praça Ipiranga que Orinil Alves da Costa, conhecido como Rei do Pequi, há cinco anos passa o dia vendendo litros e mais litros do fruto.
Ele mantêm uma barraquinha de venda neste período da safra, entre novembro e fevereiro, o fruto mais famoso do Cerrado: o pequi. Nos meses anteriores seu forte e fonte de renda é a venda de produtos como meias, calcinhas, sutiã e cuecas.
O Rei do Pequi, diz que o produto está sendo adquirido da cidade de Ribeirão Cascalheira, a R$ 70 a caixa e comercializado a R$ 10 o litro. O trabalho dele inicia as 06 da manhã e vai até às 18 horas.
“Chego a vender quatro caixas por dia e tenho ganho líquido de mais de R$ 200, pois a fruta é muito procurada pelo consumidor”.
Atualmente, é comum achar vendedores de pequi a cada esquina da Capital. Isso faz com que a freguesia prefira o fornecedor mais próximo.
A menos de 50 metros do ponto do Rei do Pequi, Antônia da Silva vende o produto há 20 anos no centro da cidade. Orgulhosa diz que com a venda do fruto, consegui adquirir sua casa própria que fica no bairro Alvorada.
“As vendas estão boas, graças a Deus. O cuiabano gosta do pequi. Durante o ano vendo as frutas da época aqui na rua e uma vez por semana trabalho na feira do CPA”.
A árvore torta e baixa de folhas largas com frutos do tamanho de uma laranja são encontradas em vários lugares no estado de Mato Grosso. Ao colher basta cortar a casca ao meio e tirar o fruto amarelo e cheiroso.
Para comer basta cozinhá-lo em água ou no arroz, carne, galinha. Mas é preciso cuidado. O miolo do fruto é coberto de espinhos muito finos, por isso nunca se deve mordê-lo. Bastar "roer".
A venda do pequi é uma ajuda nos tempos difíceis para a dona de casa Laura Rodrigues que vende o produto na praça Alencastro em Cuiabá. Ela mora em Várzea Grande e recebe o pequi que busca em um sítio em Livramento. “O lucro não é mais o mesmo. Estamos vendendo pouco. Antes, as vendas eram só na região central, mas hoje em dia em todo lugar que você vai os vendedores se espalharam”, explica.
Expectativa
Segundo Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer) , a previsão é colher 200 toneladas de pequi nesta safra. A colheita do fruto começou no município de Ribeirão Cascalheira (900 km a Leste de Cuiabá) e vai até o mês de dezembro.
O cultivo do pequi é nativo e ocupa uma área de 200 hectares, e alguns produtores estão plantando novas mudas para ser utilizada também no reflorestamento de áreas degradadas e recuperação de Áreas de Proteção Permanente (APP). A comercialização do pequi pode gerar uma renda de R$ 200 mil para o município em apenas três meses.
No município uma caixa com 30 quilos de pequi está sendo comercializada a R$ 30,00 no município.
O técnico agrícola da Empaer, Carlos Alberto Quintino, diz que a safra deste ano terá uma redução de 20% na produção devido à falta de chuva no período da floração do pequi, que ocorre no mês de junho. A comercialização do fruto começou no mês de outubro e tem movimentado a economia local com compradores de Goiás e Cuiabá.
“Mesmo com a estiagem os frutos estão carnudos, bonitos e amarelos como ouro”, ressalta.
No Estado foram encontradas quatro variedades, na região da Baixada Cuiabana o pequi de tamanho pequeno e o mais consumido na culinária, de tamanho médio em Barra do Garças, grande em São Félix do Araguaia e o pequi sem espinho encontrado no Xingu, na reserva indígena.
Benefícios
O pequi, fruto típico do Cerrado, pode contribuir para redução do colesterol, combate à obesidade e prevenção do diabetes, é o que aponta uma pesquisa desenvolvida pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS) da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).
O estudo, feito em parceria com o Instituto de Ciências Agrárias (ICA) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foi publicado em uma revista internacional. Os trabalhos começaram em 2012.
De sabor e aroma marcantes, o pequi é característico do Cerrado e um dos símbolos desse bioma. Mas, além de dominar o gosto da galinhada e do arroz no Centro-Oeste, o fruto chama a atenção pela enorme quantidade de benefícios ao corpo.