Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) ingressou com uma ação civil pública contra o ex-deputado Eliene Lima por cobrar a chamada "rachadinha" de funcionários fantasmas que teria contratado via Assembleia Legislativa.
A "rachadinha" ficou conhecida nacionalmente no escândalo envolvendo o clã Bolsonaro no Rio de Janeiro e se resume a prática pela qual parlamentares se apropriam de parte dos salários de funcionários que nomeiam para seus gabinetes.
No documento assinado pelo promotor de Justiça Mauro Zaque, o ex-parlamentar é investigado por supostamente ter contratado uma funcionária para na Assembleia, porém, realizava serviços na residência de Eliene, além de devolver parte do seu salário.
As investigações apontam que o caso teria ocorrido entre 2009 e 2011, quando Eliene exercia a função de deputado federal, e, mesmo assim, teria conseguido indicar a referida funcionária para ser contratada pelo Legislativo estadual.
Em depoimento ao Ministério Público Federal, Joyce Campos informou que já trabalhava como doméstica na residência do então deputado, e, que um de seus funcionário, teria sugerido que Joyce passasse a receber pela Assembleia.
"Que como a declarante estava precisando do emprego aceitou a proposta; Que a partir do momento que começou a trabalhar formalmente como Secretária Parlamentar na Assembleia Legislativa/MT, a declarante fazia o saque de todo o dinheiro no Banco do Brasil, retirava sua parte (cerca de R$ 1.000,00 – mil reais) e entregava o restante para o referido rapaz que trabalhava para o Deputado Eliene Lima; Que apesar de receber pela Assembleia Legislativa/MT, a Declarante permaneceu exercendo a função de doméstica na residência do então Deputado Eliene Lima por cerca de um a dois anos; Que, posteriormente, a Declarante voltou à condição formal de doméstica, inclusive com certeira assinada, deixando de receber pela Assembleia Legislativa/MT; Que posteriormente, o rapaz que trabalhava com o então Deputado Eliene Lima perguntou se a Declarante aceitava receber agora pela Câmara dos Deputados, em Brasília/DF, mas continuasse desempenhando o mesmo trabalho, qual seja, doméstica na residência de Eliene Lima….”, diz trecho do depoimento destacado por Zaque.
Documentos da Assembleia apontam que Joyce Campos atuou como funcionária fantasma da AL entre abril de 2009 a setembro de 2011. O MP ainda solicita o bloqueio de bens de Eliene Lima no valor de R$ 214,4 mil, valor correspondente ao que Joyce Campos teria recebido quanto atuava como fantasma na Assembleia.