O juiz em substituição legal, Cláudio Roberto Zeni Guimarães, pediu explicações a Guizardi Junior Construtora sobre uma suposta fraude no processo de recuperação judicial que a organização tenta emplacar no Poder Judiciário Estadual. A solicitação ocorreu por meio de um despacho publicado no último dia 18 de novembro.
Segundo informações do processo, a Guizardi Junior Construtora tenta se recuperar no mercado alegando ter uma dívida de R$ 6,5 milhões. Um dos credores deste débito é a Dínamo Construtora, que cobra R$ 2,8 milhões.
Ocorre, no entanto, que o proprietário da Dínamo Construtora é Giovani Belatto Guizardi, filho de Miguel Guizardi Junior – ninguém menos do que o próprio dono da Guizardi Junior Construtora.
Ambas as organizações – Dínamo Construtora e Guizardi Junior -, funcionariam no mesmo endereço. “Ao aferir a relação contratual entre as duas empresas, foi observado que a Dínamo Construtora ocupa o mesmo espaço físico da Requerente e tem sua sede no mesmo endereço. Em consulta ao CNPJ da empresa observou-se que esta tem como objeto social a mesma atividade principal da Requerente (construção de edifícios), cuja composição societária é formada pelos filhos dos sócios da Requerente, havendo utilização parcial de seu ativo imobilizado para o cumprimento de suas atividades”, revelou o magistrado.
Ainda de acordo com o juiz, a Dínamo Construtora também se encontra num processo de recuperação judicial. Cláudio Roberto Zeni Guimarães deu 48 horas para a Guizardi Júnior explicar os fatos.
“Com efeito, dê-se ciência à empresa requerente sobre o laudo apresentado, fixando-se o prazo de 48 horas, para manifestação e esclarecimentos sobre os fatos apontados pela perita. Decorrido o prazo com ou sem manifestação, conclusos para deliberações”, determinou o magistrado.
RÊMORA
Giovani Guizardi é apontado como o principal operador de um esquema de fraudes em licitações na Secretaria de Estado de Educação (Seduc-MT), além de pagamentos de propinas a empresários que prestaram serviços à pasta e que precisavam “pagar para receber”.
Segundo as investigações, Ricardo Augusto Sguarezi, proprietário das construtoras Relumat e Aroeira, prestou serviços ao Governo do Estado, porém, foi “obrigado” a repassar propina para receber pelo trabalho. Os valores teriam sido pagos em duas parcelas – uma de R$ 50 mil e outra de R$ 45 mil.
O Ministério Público do Estado (MP-MT), autor da denúncia, narra que o ex-servidor da Seduc-MT, Fábio Frigeri, também fazia parte do esquema e foi procurado por Ricardo Sguarezi para viabilizar os pagamentos. Na ocasião, Frigeri teria indicado que o empresário procurasse outro empresário, Giovani Guizardi, por ordem do ex-Secretário de Estado da Seduc-MT, Permínio Pinto, apontado como membro do núcleo de liderança das fraudes.
“Augusto Sguarezi procurou por Fábio Frigeri a fim de solicitar a este que fossem tomadas as medidas necessárias à realização dos pagamentos pendentes devidos pelo Estado de Mato Grosso à empresa Relumat Construções Ltda relacionados a medições realizadas nos meses de outubro, novembro e dezembro do ano de 2014, bem como no ano de 2015, ocasião em que Fábio, com o conhecimento e sob ordem de Permínio Pinto, ordenou a Ricardo Sguarezi que procurasse por Giovani Belatto Guizardi como condição para o recebimento de valores”, diz o MP-MT.
O empresário, então, procurou Giovani Guizardi na sede de uma de suas empresas – a Dínamo Construtora. No encontro, Guizard exigiu propina para autorização do pagamento pelos serviços prestados por Sguarezi. O valor do “repasse” seria de 15% sobre o montante devido pelo Governo do Estado.
A 3ª fase da operação, denominada “Grão Vizir”, foi deflagrada em dezembro de 2016 e envolveu o ex-governador Pedro Taques. Um dos denunciados na ação, Giovani Guizardi – considerado o principal operador do esquema -, afirmou que o empresário Alan Malouf repassou R$ 10 milhões à campanha de Taques nas eleições de 2014.