A senadora cassada Selma Arruda (Podemos) disse que a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que manteve a perda de mandato, foi um recado ao ministro Sérgio Moro e ao procurador Deltan Dallagnol, para que eles não entrem para a política. A ex-juíza disse que recebeu informações de que ministros oriundos do Supremo Tribunal Federal (STF) e Superior Tribunal de Justiça (STJ) não têm simpatia por pessoas que saem da Justiça para a política. Ela afirmou que ficará afastada deste meio.
O Pleno do TSE, por maioria, manteve a cassação da senadora Selma Arruda em sessão na noite desta terça-feira (10), declarando-a inelegível por oito anos. A ex-juíza já havia se manifestado afirmando que sofreu perseguição política por causa de seu histórico de combate à corrupção.
Em áudio enviado em grupos de Whatsapp, a senadora afirmou que a cassação serviu como um recado do TSE ao ministro Sérgio Moro e ao procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, para que não entrem para a política.
Os dois, assim como Selma, são figuras oriundas do Sistema de Justiça que ganharam projeção por causa de atuação no combate à corrupção. A ex-senadora ainda disse que isto foi confirmado por dois membros do Pleno do TSE.
“Eu sei que eu sou o exemplo que eles querem dar para Sérgio Moro e Dallagnol, para não ousarem entrar para a política. Me disseram isto, inclusive, os dois ministro que vem da advocacia, disseram que os ministros em geral não têm simpatia pelas pessoas que saem da Justiça e vão para a política, portanto, a gente sabe que o que aconteceu comigo é um recado para o Moro”.
Por não ter um quadro próprio, o TSE é composto de, no mínimo, sete membros, entre eles três juízes escolhidos dentre os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), dois juízes dentre os ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e dois advogados. Na atual composição do Pleno, os dois ministros juristas são Tarcisio Vieira de Carvalho Neto e Sérgio Silveira Banhos.
No áudio, Selma diz que “toda guerra tem baixas” e que desta vez a baixa foi ela. A senadora disse que sai de cabeça erguida e que o caso serve de exemplo para mostrar que não o sistema não é correto. Ela também afirmou não entrará mais para a política.
“Não vou mais para a política, mas nem que a vaca tussa, não contem comigo para mais nada nesta política. Agora vou aproveitar a minha aposentadoria, como deveria ter feito antes, agora vou entregar os pontos, mas não sem a consciência tranquila de ter tentado”.
Ao final ela agradeceu aos seus amigos, colegas e apoiadores por todas as palavras de conforto e enalteceu o ministro Edson Fachin, único que votou por reverter a cassação, dizendo que o voto “lavou” sua alma. Curiosamente, Fachin é ministro oriundo do STF, e não jurista.
Entre os colegas que agradeceu, um em particular foi o senador do Rio Grande do Norte, Capitão Styvenson Valentin (Rede-MA). Selma disse acreditar que ele será governador daquele Estado e que ela atuará lá como secretária de segurança.
“Eu vou ser sua secretária de segurança ainda moço, você vai ser governador do Rio Grande do Norte, e que quero ser secretaria de segurança na beira do mar, eu quero a secretaria montada na beira daquele marzão”.