A expectativa de colheita indica um volume inferior às 135 milhões de toneladas esperadas pelo governo federal, conforme dados mais recentes da estatal Conab.
Segundo o sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, diversas regiões do país --maior produtor e exportador global de soja-- estão com as lavouras em situação de desenvolvimento inferior à registrada no mesmo período da última temporada.
"Ainda é cedo para definir, mas faltam chuvas e há problemas nos principais Estados produtores --Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul", afirmou o especialista durante evento promovido pela Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).
"Em Mato Grosso, somente as lavouras da região leste estão dentro do esperado. Em todas as demais regiões (mato-grossenses) o desempenho é pior que o esperado e pior que o do ano passado", acrescentou. Também foram vistos episódios de replantio em quase todo o Estado.
Especialmente em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, ele disse que a iminente ocorrência do fenômeno La Niña põe em risco também a produção da região.
A falta de chuvas no início desta safra levou grande parte dos produtores a postergar a largada da semeadura. Como consequência, a oferta vai demorar mais para somar volumes significativos, podendo também gerar dificuldades para o cumprimento de contratos de venda já fechados.
"Cerca de 4,5 milhões de toneladas de soja vão entrar no mercado (colhidas) de Mato Grosso até 31 de janeiro de 2021. Um ano antes, foram quase 11 milhões de toneladas (10,9 milhões)", ressaltou Pessôa.
Ele ainda disse que, caso ocorra, o não cumprimento de contratos de venda antecipada cria uma complicação para toda a cadeia.
Dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) indicam que, até o fim de outubro, 64,38% da produção de soja esperada para a safra 2020/21 do Estado estava comercializada, contra 43,78% no mesmo período do ciclo anterior e 40,33% na média dos últimos cinco anos.
Quanto às exportações, a Agroconsult projeta 82,3 milhões de toneladas para este ano e 83,2 milhões para o ano vem.
Considerando as adversidades climáticas que podem reduzir a oferta e a forte demanda externa, o cenário indica preços firmes para a oleaginosa.
OUTRAS CULTURAS
Para o milho, a produção total estimada pela Agroconsult ficou em 108,8 milhões de toneladas em 2020/21, ante 104,891 milhões de toneladas na previsão da Conab.
Pessôa disse que uma parcela dos produtores que apostaria no algodão durante a segunda safra perdeu a janela de plantio e pode migrar para o milho "safrinha", após a colheita da soja.
O clima predominantemente seco prejudicou o potencial das lavouras no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina do cereal de verão.
"Após revisões negativas realizadas nas últimas semanas, a estimativa atual para a produção brasileira (da 1ª safra) é de 25,4 milhões de toneladas, em área de 5 milhões de hectares."
No algodão, a produção estimada para esta safra é de 2,6 milhões de toneladas de pluma, ante 2,738 milhões na projeção da Conab.