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GERAL Segunda-feira, 10 de Junho de 2019, 10:34 - A | A

Segunda-feira, 10 de Junho de 2019, 10h:34 - A | A

Educação comprometida

Moradores e ex-alunos lutam pela reabertura de escola abandonada

Redação/ Regina

Regina Botelho

Da Redação  

O prédio da Escola Estadual José Machado Neves da Costa, no bairro Cohab Nova, em Cuiabá  que deveria estar sendo utilizado na educação dos jovens e crianças, é o retrato do abandono, com matagal, muita sujeira e esconderijo para bandidagem, além de ser ponto para usuários de drogas. Além de toda depredação provocada pela ação de vândalos, a unidade foi saqueada e toda fiação elétrica e portão roubados. Desativado há quase quatro anos, o prédio foi fundado em 1973 e o cenário de quem se arrisca a entrar no local é assustador e perigoso. A reportagem do Jornal Centro-Oeste Popular visitou o local e constatou a situação. Ali estudavam crianças de praticamente toda região dos bairros Verdão e Porto, Cidade Alta, Capão do Gama e Santa Izabel. O retrato hoje é de total abandono e a impressão é de que passou uma tempestade por ali. Livros espalhados por todo canto, carteiras jogadas e forros despencando, madeiras de PVC do forro espalhadas pelo chão, janelas quebradas. Os últimos alunos matriculados foram transferidos para outra escola, a José de Mesquita, localizada alguns metros à frente, na rua Barão de Melgaço. Sem solução e nenhum apoio político, moradores, ex-estudantes e ex-funcionários se mobilizaram através das redes sociais e criaram um grupo de whatsapp  e nas redes sociais para buscar e cobrar soluções dos órgãos competentes. “Quantas escolas estão sem vagas para estudar, unidades funcionando em prédios alugados, outras em contêineres improvisados e uma escola com uma estrutura dessas totalmente abandonada, é uma incoerência”, lamenta a professora aposentada Catarina Botelho, que lecionou na unidade escolar e seus filhos estudaram na unidade. Dona Neide Ribeiro é vizinha do Colégio Machado.

Ela conta que diariamente vê o entra e sai de viciados e de outras pessoas que só Deus sabe o que fazem lá dentro. Muito entristecida com a situação, diz que há tempos pensa que os moradores, a comunidade local, ex-funcionários e ex-alunos devem buscar soluções para resolver e acabar com o abandono do patrimônio público. “Seria de grande utilidade que o Governo do Estado e todas as autoridades se unissem para utilizar o prédio para criar uma creche ou escola para atender a comunidade”. Marizete Aparecida Ezequiel de Arruda reside no bairro há 36 anos e viu a escola ser fundada, conheceu todos os funcionários que trabalharam no local e seus filhos estudaram na escola. Ela diz que o fechamento ocorreu após uma equipe de coordenadores da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (Seduc/ MT), visitarem o local e transformaram a unidade em Centro Educacional de Jovens e Adultos (Ceja) em período integral. “Estou muito decepcionada, meu filhos estudaram no Machado Neve. Os alunos tinham assistência médica que cuidava das crianças, tínhamos bons banheiros, biblioteca, cantina, recreação, cozinha que oferecia merenda escolar de qualidade nos períodos matutino, vespertino e noturno. Ficamos tristes com a atitude do Seduc em fechar a escola que ocorreu por falta de estudantes suficientes para manter a unidade em período integral. Eu juntamente com alguns moradores do bairro tentamos intervir, mas não obtivemos êxito porque éramos a minoria”, desabafa a moradora. Neide Ribeiro também mora no bairro e vê a desativação do colégio como falta de respeito do poder público, pois as deficiências nas escolas e creches são grandes em Cuiabá. “O abandono desta instalação é vergonhoso. È um grande incentivo a criminalidade em nosso bairro, colocando em risco os moradores. Me preocupo com o entra e sai de pessoas estranhas e visualizo a criminalidade fazendo uso do espaço que deveria ser utilizado para atender as necessidades da sociedade.Se o poder público nos entregasse a instalação,  poderíamos criar um lugar de lazer e de atendimento social”, dispara. Para Sandra Nogueira a união faz a forca. Ela é uma das pessoas que mobiliza o grupo de moradores no whatsapp e nas redes sociais. Sandra ressalta que não irá parar enquanto não obter resultado satisfatório. “Vi essa escola ser fundada e agora vejo afundar. Não posso me conformar. Fechada sem nenhuma utilidade, oferece perigos, se transformou em refúgio para marginais. Um morador foi atacado ao passar pelas imediações. Devido a grande quantidade de lixo, o local é foco para as doenças como dengue e chikungunya”.

Quem também abraçou a causa foi o ex-estudante do Machado Neves Paulo José Siqueira Ribeiro. Ele frisa que seus pais foram um dos primeiros moradores do bairro Cohab Nova e consequentemente começou seus estudos na escola. “Meus avós ainda moram no bairro e acompanharam desde o princípio os trabalhos na escola e contribuíram  com muitos programas na unidade. A escola foi de essencial importância para todos. Lá vários amigos de infância estudaram e hoje já se formaram e se tornaram grandes profissionais, graças ao conhecimento e empenho dos educadores da escola”. Paulo Ribeiro pondera que hoje passados mais de quatro décadas teve a insatisfação de fotografar o local e fazer vídeos que estão sendo compartilhados nas redes sociais e grupo de aplicativos, relatando a realidade do local  que se transformou a escola estadual José Machado Neves da Costa. “Meu sentimento não é diferente dos demais moradores e alunos que hoje lamentam e imploram por ajuda do pode público.” “Isso é um absurdo. Quantas escolas estão sem vagas para estudar e uma escola com uma estrutura dessas totalmente, abandonada? É muito triste, lamentável”, diz o ex-estudante Mario Silva.  

Entenda o caso   De acordo com informações da Seduc/MT à época do fechamento, em 2015, a escola tinha capacidade para 1.260 alunos, porém somente 500 estudavam, mas nem todos estavam matriculados por serem do Ceja José de Mesquita. Três turmas, com o total de 87 alunos, eram atendidas no local. Contudo, uma destas turmas estava em "terminalidade", ou seja, para 2016, seriam apenas 39 alunos. Com contingente de estudantes considerado pequeno para a estrutura do local e visando a otimização de recursos e de espaços públicos, a Seduc remanejou os alunos para a escola estadual José Barnabé de Mesquita e outras unidades escolares próximas, de acordo com a escolha e concordância de pais e alunos.  

Primeiras ações   Os primeiros resultados já começaram mesmo antes da matéria ser publicada. Um dia após ouvir a assessoria de Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) , a pasta enviou uma equipe para limpar a escola e amenizar a situação de abandono. A ação conta com a parceria da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), que disponibilizou reeducandos do Centro de Ressocialização de Cuiabá para realizar a limpeza. Além disso, também será colocado tapume no local para vedar o acesso de transeuntes.   Outro lado   Por meio de nota, a Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag),  informou ainda que avaliará opções viáveis para dar utilidade ao prédio que já abrigou a Escola Estadual General José Machado Neves. Ainda conforme a nota, moradores do entorno podem contribuir com o poder público denunciando tanto possíveis invasões, quanto pessoas que jogam lixo e entulho no local. Denúncias podem ser feitas junto à Polícia Militar ou na Ouvidoria (com encaminhamento para a Seplag), por meio dos telefones: 0800-647-1520, ou 162 e também registro peloendereço www.ouvidoria.mt.gov.br/falecidadao (redirecionamento está disponível em todos os sites dos órgãos).


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