26 de Abril de 2024

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ENTREVISTA DA SEMANA Segunda-feira, 20 de Maio de 2019, 09:13 - A | A

Segunda-feira, 20 de Maio de 2019, 09h:13 - A | A

“A droga é um dos principais indutores da desordem social”

Assessoria

“A missão passada pelo governador é que temos que melhorar de forma linear a segurança, dentro dos limites financeiros que temos disponíveis”

 

José Ribamar Trindade Especial para o Centro Oeste Popular    

Centro Oeste Popular - Cuiabá saiu da “Lista Negra” da violência dos crimes contra a vida. Qual foi a chave para diminuir essa situação?  

Alexandre Bustamante dos Santos- Muito suor.  Na segurança pública os reflexos são sentidos com o tempo. Quando os índices começaram a baixar, o resultado foi fruto das políticas implementadas por outras administrações e tiveram continuidade pelos gestores públicos. O foco no uso da inteligência, georreferenciamento da criminalidade, uso de mapa de Kernel, uso de câmeras auxiliando as investigações, cruzamento de dados operacionais com os dados obtidos pela inteligência resultaram numa melhora significativa dos números. Mais ainda temos muito a caminhar. Mais do que termos números em queda, é necessário obtermos uma sensação de segurança que seja sentida pela sociedade. Essa sensação é a nossa maior busca cotidiana.  

CO Popular – O senhor foi secretário-adjunto e também secretário de Segurança Pública no Governo Pedro Taques. Recebeu com surpresa o convite do governador Mauro Mendes?

Alexandre Bustamante- Fui secretário adjunto de segurança pública no governo Blairo Maggi e secretário de Estado nos últimos dois anos do Governo Silval Barbosa. Após sair da SESP, em dezembro de 2014, após os jogos da Copa, o então prefeito da capital me convidou para conduzir a Agência Municipal de Serviços Públicos Delegados – ARSEC, onde tive a honra de trabalhar por quatros. Aposentei na Polícia Federal e me preparei para exercer a advocacia, mais gosto de novos desafios. Ao ser convidado pelo governador Mauro Mendes para mais esse desafio, foi uma grata surpresa. O Estado de Mato Grosso é prodigo em pessoas capacitadas para a gestão pública. Na área de segurança temos diversos profissionais que tem plena capacidade de conduzir a pasta. Fiquei muito feliz.

CO Popular - A meta do Governo e de todo o secretário de Segurança é baixar a violência. O senhor está preparado para essa empreitada?

Alexandre Bustamante- Quando assumimos um cargo como envergadura da Segurança Pública, o apoio do Governo é fundamental para o êxito. Fazer mais do mesmo é fácil, difícil é atingir as metas propostas gastando menos. A missão passada pelo governador é que temos que melhorar de forma linear a segurança, dentro dos limites financeiros que temos disponíveis. Assim está sendo feito, todos os contratos estão sendo renegociados, os custos baixando. Mas ainda temos muitos problemas herdados da última administração, como por exemplo, o caos das viaturas. Temos muitas unidades com problemas de viaturas que só vão ser resolvidos com mais tempo, devido ao grande imbróglio nos pagamentos que estão em atraso.  Quando toda engrenagem estiver funcionando, acredito que os índices continuarão baixando.  

CO Popular– O preço da locação dos veículos usados pela pasta é criticado pela população. O aluguel para a Segurança é melhor, traz economia ou senhor preferiria que sua Pasta tivesse uma frota de veículo própria?

 Alexandre Bustamante- É um grande dilema que temos que resolver. Mauro Mendes determinou que fosse feito estudos para verificar se a locação traz economia ou apenas posterga um problema. Acredito que as viaturas operacionais devam ser locadas, por causa do uso intenso a que elas são submetidas. Normalmente são utilizadas em áreas não urbanas. Tendo um maior desgaste, trazendo grande despesa na manutenção. Em contrapartida, as viaturas de caráter administrativas podem ser próprias. Com um custo de manutenção menor, a despesa passaria a ser do Estado. O resultado do estudo foi solicitado e irá apontar qual o melhor caminho a seguir.  

CO Popular – O senhor vestiu a camisa e abraçou a bandeira e o brasão da Polícia Federal desde 1987. Ainda tem o mesmo amor, existe alguma diferença?

Alexandre Bustamante- Nunca pensei em ser policial. Quando prestei meu o primeiro concurso em 1987, buscava estabilidade, nem o salário era razoável. Ser policial, em qualquer força, é uma coisa que vicia e hipnotiza. Se realmente a pessoa gostar de ser policial, isso nunca mais deixar sua vida. A diferença de quando entrei, é o nível de maturidade, de experiência ao longo dos anos, que faz você errar menos e pensar mais antes de agir. A vontade de sair em operação ainda corre nas minhas veias. Ver as operações faz com que todo policial que um dia esteve naquela condição sinta saudade das loucuras que só a vida policial proporciona. Não vejo diferença entre os uniformes. Ser policial é estar acima disto. O que vale é a vitória do bem contra o mal.

CO Popular- O senhor planejou e implantou em sua gestão, o Centro Integrado de Comando Controle Regional CICCER, batizado pela reportagem do Jornal Centro Oeste Popular como o “Espião” uma ferramenta importante no combate ao crime organizado e às facções criminosas. O que “Espião” representa em sua gestão e no combate aos bandidos?  

Alexandre Bustamante- O CIOSP não é uma ideia minha ou de ninguém. É fruto da necessidade de integração das forças de segurança, com a utilização dos meios disponíveis. Após o atentado de “11 de Setembro” nos Estados Unidos, foi sentido a necessidade de atuação em conjunto das diversas agências de segurança naqueles pais. Esse conceito foi difundido como boa prática. E durante os grandes eventos que o Brasil realizou essa cultura foi recepcionada. A Copa de 2014 foi umas das principais ferramentas da área de segurança e se tornou fundamental nos últimos anos. 

CO Popular – A mola mestre e a raiz da violência passam pelo tráfico de drogas? Concorda?

Alexandre Bustamante- Sim, uma delas. Tenho que a deterioração da família é a principal. Nos últimos tempos vemos que a família não consegue dar educação aos transfere essa responsabilidade para a escola. Por sua vez, a escola não consegue fazer o papel da família e entram os entes religiosos. Logo em seguida, após a falência da família, da escola, das entidades religiosas, vem à falha da sociedade. A partir desse momento, vira coisa de polícia, que tem a obrigação de consertar todas as mazelas sociais. A droga é um dos principais indutores da desordem social. Temos que ver que a principal falha está no seio familiar. O estado moderno obriga que pai e mãe tenham que sair para trabalhar e acabam deixando seus filhos à mercê de terceiros, que nunca vão conseguir passar os valores que são necessários para a vida.  

CO Popular – Qual o maior obstáculo que a Pasta enfrenta para modernizar e combater todos os tipos de crimes, principalmente o do “Colarinho Branco”?  

Alexandre Bustamante – Com o decorrer do tempo, as ferramentas de investigação se modernizam diante da necessidade. Um grande exemplo é a delação premiada que veio para ajudar nas principais investigações a nível estadual e federal. Contudo ainda temos muito a evoluir na nossa legislação brasileira. O policial infiltrado é uma ferramenta que acredito que está próxima de ser implementada. É certo que a investigação financeira tem dado uma resposta aos crimes que envolvem grandes volumes de dinheiro como tráfico de arma, tráfico de drogas e os crimes de colarinho branco, especialmente os de corrupção. Neste sentido, cada vez mais o estreitamento entre as agências de fiscalização e investigação se tornam preponderante. O sucesso da batalha contra o crime passa pela necessidade de interação das instituições, reduzindo ao máximo o protagonismo individual e aumentando o ganho da sociedade.

CO Popular- O senhor e a pasta da Segurança Pública recebem apoio de políticos e das outras secretarias e das autoridades do Estado? Há pressão quando precisam de alguma coisa?

Alexandre Bustamante- Vivemos em um mundo político. A função de Secretário de Estado é uma função eminentemente política. Neste contexto, temos que saber lidar e conviver com a política. Sabemos mediar à parte técnica com a política, e é o nosso papel institucional saber dosar. Quanto a apoio, cobro sempre um maior ajuda de todos envolvidos. A pasta da Segurança Pública é uma das maiores do Estado. É um tema recorrente em campanhas eleitorais. Mas por determinação do Governador Mauro Mendes, o núcleo do atual governo tem ajudado de sobremaneira a situação orçamentaria/financeira caótica por que nós estamos passando. A parceria com o Poder Judiciário, Poder Legislativo e o Ministério Público tem fortalecido a instituição.

CO Popular – Como o senhor lida com as pressões?  

Alexandre Bustamante- Tenho o maior prazer em receber as pessoas na minha sala. Muitos podem dizer que não é o papel do Secretário de Estado receber todos como eu faço, mas sou servidor público. A determinação do governador é atender a sociedade da melhor forma possível. As pressões, minha experiência de vida me ensinam que a paciência e bons argumentos rechaçam qualquer coação que possa vir.  


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